25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:1725-2


Área: Microbiologia Clinica ( Divisão A )

FEOHIFOMICOSE CEREBRAL POR XYLOHYPHA BANTIANA: RELATO DE CASO

Silviane Praciano Bandeira (HGCC); Natanael Pinheiro Leitão Júnior (UECE); Lauro Vieira Perdigão Neto (CEMM); Délia Jéssica Astete Medrano (CEMM); Marcos Fábio Gadelha Rocha (CEMM); Rossana Aguiar Cordeiro (CEMM); Raimunda Sâmia Nogueira Brilhante (CEMM); José Júlio Costa Sidrim (CEMM)

Resumo

Feohifomicoses consistem em infecções causadas por fungos da família Dematiaceae, agentes saprófitas do solo e de vegetais em decomposição. A enfermidade pode apresentar diversos padrões clínicos, desde formas superficiais, subcutâneas a quadros sistêmicos. Comprometimento do sistema nervoso central costuma ser a principal manifestação dos casos graves, contudo, outros órgãos podem estar envolvidos. Este trabalho consiste na descrição de um caso de feohifomicose cerebral, através de informações obtidas em consulta a prontuário médico. Paciente do sexo masculino, 22 anos, estudante, natural e procedente de Floriano-PI. Iniciou quadro de icterícia aos 10 anos, diagnosticado como hepatite auto-imune e submetido a transplante hepático. Utilizando drogas imunossupressoras, evoluiu bem por um ano quando desenvolveu quadro convulsivo, sensório rebaixado e paresia focal à direita. Tomografia computadorizada de crânio demonstrou granuloma a esclarecer. Considerando-se hipóteses de abcesso piogênico ou toxoplasmose, foi instituído esquema com meropenem e vancomicina, sulfadiazina, pirimetamina e ácido folínico. Não havendo melhora clínica, iniciou-se esquema RIP, porém paciente apresentou hepatite medicamentosa, sendo esquema suspenso. Foi readmitido com quadro neurológico agravado, alteração cognitiva e cefaléia intensa. Novas imagens tomográficas demonstraram lesão expansiva à esquerda, do lobo temporal ao occipital, edema perilesional, colabamento de ventrículo e sinais de hipertensão intracraniana. Exame histopatológico de material de biópsia cerebral evidenciou estruturas fúngicas, iniciando-se anfotericina B lipossomal. Análise pelo método de Gram revelou estruturas filamentosas, acastanhadas, tortuosas, sugestivas de hifas torulóides. Meios de cultura para fungos culminaram com crescimento de colônias escurecidas. Análise micromorfológica associada à capacidade de crescimento à temperatura de 42ºC confirmou a identificação de Xylohypha bantiana. A despeito da terapêutica adequada, o paciente foi a óbito dias após o diagnóstico. Quadros de feohifomicose sistêmica podem acometer pacientes com déficit imunológico, primário ou adquirido. No caso descrito, a doença de base do paciente e as drogas utilizadas certamente contribuíram para a manifestação da doença e desfecho indesejado.


Palavras-chave:  Xylohypha bantiana, Feohifomicose cerebral, Diagnóstico