25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:1724-2


Área: Microbiologia Clinica ( Divisão A )

CORYNEBACTERIUM DIPHTHERIAE UM PATÓGENO NEGLICENCIADO: ELEVADA INCIDÊNCIA DE INFECÇÕES POR AMOSTRAS TOXINOGÊNICAS EM HOSPITAL ESPECIALIZADO EM TRATAMENTO DE CÂNCER

Carlos Alberto Martins (INCA); Lucia Maria Dias de Faria (INCA); Mônica Cristina Souza (UERJ); Louisy Sanches Santos (UERJ); Débora Leandro Rama Gomes (UERJ); Cíntia Silva dos Santos (UERJ); Gabriela Andrade Pereira (UERJ); Thereza Cristina Ferreira Camello (UERJ); Raphael Hirata Júnior (UERJ); Ana Luiza de Mattos Guaraldi (UERJ)

Resumo

Dados epidemiológicos do Ministério da Saúde vêm demonstrando redução na incidência de casos de difteria em todas as regiões brasileiras, passando de um patamar de 140 casos em 1997, para 25, em 2005. No ano de 2001, para uma população de 169.799.170 pessoas, foram contabilizadas 58 notificações, indicando uma incidência de 0,034 casos de difteria por 100.000 habitantes. Apesar da doença permanecer endêmica em nosso país, escassos são os relatos de casos de infecções relacionadas com o Corynebacterium diphtheriae, incluindo em populações de maior risco de infecções, tais como os portadores de malignidades. No presente estudo, descrevemos o isolamento de C. diphtheriae de pacientes atendidos em hospital especializado no tratamento do câncer. Dezessete pacientes apresentaram quadros de difteria clássica ou de infecções atípicas causados pelo C. diphtheriae: 14 pacientes com tumores sólidos (11 cirurgia de cabeça e pescoço, 01 câncer ginecológico, 01 catéter de nefrostomia, 01 úlcera de perna e 01 fístula cerebral); 01 portador de linfoma de Burkitt. Dois pacientes com suspeita de carcinoma cervical invasivo, com comprometimento de faringe e laringe, além de adenopatia cervical bilateral foram posteriormente diagnosticadas como difteria clásica, sendo um deles infectado pelo vírus da AIDS. Exceto em uma oportunidade,  nos casos de infecção aguda foi observado C. diphtheriae em associação com amostras de estreptococos (40.6%), estafilococos (31,3%), bastonetes Gram-negativos (18,8%) ou corineformes (6,2%). Ensaios de ELEK modificado identificaram todas as cepas como produtoras de toxina diftérica. Os dados demonstram uma incidência de infecções pelo C. diphtheriae toxinogênico em pacientes com câncer 465 vezes maior do que a notificada oficialmente para toda a população brasileira. Os profissionais da  área de saúde devem permanecer atentos para o diagnóstico e pronto tratamento de infecções pelo C. diphtheriae, por vezes fatais, em especial em pacientes adultos e portadores de doenças de base.

 

Apoio Financeiro: CAPES, CNPq, FAPERJ, SR2-UERJ.


Palavras-chave:  Corynebacterium diphtheriae, Difteria, Infecção hospitalar, Pacientes com câncer, Toxinogenicidade