PARACOCCIDIOIDES BRASILIENSIS: UM FUNGO PRODUTOR DE GLUCURONOXILOMANANA?

Priscila Costa Albuquerque (IMPPG / UFRJ); Allan Jefferson Guimarães (AECOM); Radames J. B. Cordeiro (AECOM); Rosely Maria Zancopé-oliveira ( FIOCRUZ / IPEC); Joshua Daniel Nosanchuk (AECOM); Leonardo Nimrichter (IMPPG / UFRJ); Marcio Lourenço Rodrigues (IMPPG / UFRJ)

As formas de levedura do patógeno fúngico Paracoccidioides brasiliensis tem sua parede celular enriquecida em  a-1,3 glucanas. Em Cryptococcus neoformans e Histoplasma capsulatum, foi demonstrado que as α-1,3-glucanas são capazes de interagir com a glucuronoxilomanana (GXM), um heteropolissacarídeo que é fundamental para os mecanismos de virulência do C. neoformans. Tendo como base o fato do P. brasiliensis  ser capaz de sintetizar α-1,3-glucanas, o componente necessário para o ancoramento de GXM, nosso estudo visou investigar no P. brasiliensis a ocorrência de polissacarídeos similares aos produzidos pelo C. neoformans. Usando a base de dados genômicos do P. brasiliensis, foram detectadas várias enzimas relacionadas à síntese de componentes capsulares em C. neoformans. O tratamento de células leveduriformes de P. brasiliensis com DMSO, um procedimento de eficiente extração de GXM em C. neoformans, gerou frações ricas em carboidratos que mostraram altos índices de reatividade com diversos anticorpos monoclonais produzidos contra o polissacarídeo criptocócico. A determinação do diâmetro efetivo das moléculas de polissacarídeo extraídas de P. brasiliensis revelou a ocorrência de fibras com dimensões inferiores às observadas para o C. neoformans. Células acapsulares do C. neoformans foram capazes de incorporar componentes das frações extraídas de P. brasiliensis, formando estruturas semelhantes à cápsulas polissacarídicas, conforme demonstrado por imunofluorêscencia. Em resumo, esses resultados sugerem que P. brasiliensis e C. neoformans compartilham eventos necessários para a síntese de polissacarídeos relacionados à GXM, embora a ocorrência de cápsula e seus componentes clássicos jamais tenha sido sequer sugerida em espécies pertencentes ao gênero Paracoccidioides.