COMPONENTES DE MATRIZ EXTRACELULAR INFLUENCIAM A ADESÃO IN VITRO DE ESCHERICHIA COLI ENTEROPATOGÊNCIA ATÍPICA A CÉLULAS HEP-2

Sarita Schneider Rossato (IBu); Ângela Silva Barbosa (IBu); Roxane Maria Fontes Piazza (IBu)

Cepas de Escherichia coli enteropatogênica (EPEC) estão entre os patógenos mais frequentemente envolvidos em casos de diarreia. Isolados de EPEC são classificados em típica e atípica, sendo que as típicas possuem o gene eae e o plasmídeo EAF, e as atípicas albergam somente o gene eae. A adesão é uma etapa crítica na patogênese bacteriana, sendo o primeiro pré-requisito para que as E. coli colonizem com sucesso a mucosa do hospedeiro. A ligação da bactéria a um ou mais componentes teciduais da matriz extracelular como colágeno I e IV, laminina, fibronectinas celular e plasmática são indícios de que essas moléculas estão sendo usadas como substrato de adesão e colonização do hospedeiro pela bactéria patogênica. Adesinas com capacidade de interagir com componentes da matriz extracelular já foram identificadas em bactérias patogênicas, no entanto, ainda não foi caracterizada nenhuma proteína de EPEC atípica com essa capacidade de adesão. Essa propriedade foi evidenciada em um isolado de EPEC atípica durante pesquisas em nosso laboratório e neste trabalho visamos identificar a(s) proteína(s) envolvida(s) nesta habilidade adesiva e caracterizar a influência desta interação bactéria-matriz extracelular na adesão do isolado a células epiteliais. O sobrenadante do isolado 2103 de EPECa foi incubado com os componentes de matriz extracelular e as proteínas aderidas foram separadas por SDS-PAGE, transferidas para membranas de nitrocelulose e submetidas a ensaio de immunoblotting. O isolado foi pré-incubado com componentes de matriz extracelular e submetido ao ensaio de adesão à célula epitelial.  As proteínas reveladas possivelmente envolvidas na adesão do isolado aos componentes de matriz extracelular apresentam massas moleculares relativas de 107, 44 e 35 kDa; a pré-incubação do isolado 2103 com componentes de matriz extracelular provoca uma variação no seu padrão de adesão e influencia o número de bactérias aderidas a células epiteliais. A habilidade de um isolado de EPEC atípica em ligar-se a matriz extracelular é descrito pela primeira vez neste trabalho e a modificação no padrão de adesão e no número de bactérias aderidas às células epiteliais após ligação da bactéria aos componentes de matriz extracelular confirma que a capacidade de ligação a esses componentes influencia a patogênese da bactéria com habilidade de aderir a esses componentes.