ESTUDO DA FLORA FÚNGICA DO TRATO DIGESTIVO DE TRIATOMÍNEOS DA MICRORREGIÃO DO RIO NEGRO, ESTADO DO AMAZONAS, BRASIL.

Mônica de França Guedelha (IOC / Fiocruz); Angela Cristina Verissimo Junqueira (IOC / Fiocruz); Aurea Maria Lage de Moraes (IOC / Fiocruz)

A doença de Chagas constitui um grave problema na saúde pública na América Latina. Nos últimos anos tem recebido destaque o aumento do registro de casos agudos, da presença de indivíduos sorologicamente positivos para a infecção chagásica autóctone na região Amazônica e há ocorrência de primeiros casos de cardiopatia chagásica crônica autóctone na microrregião do Rio Negro.Estudos realizados com outros insetos têm demonstrado que a microbiota fúngica pode influenciar no desenvolvimento de protozoários no tubo digestivo de outros vetores. A importância da interação inseto-fungo no desenvolvimento do T.cruzi no trato digestivo de triatomíneos, porém, tem sido muito pouco investigada.Visando estabelecer possíveis relações com a biologia dos triatomíneos e sua microbiota, estão sendo analisadas 3 espécies de triatomíneos que são considerados principais vetores do T. cruzi: Triatoma infestans, Panstrongylus megistus e Rhodnius brethesi, criados em laboratório e também espécies silvestres coletadas em campo.Foram dissecados e isolados, em condições assépticas, os tratos digestivos de 19 machos, 19 fêmeas, 15 ninfas da cada estádio de desenvolvimento, de Triatoma infestans, Rhodnius brethesi, Panstrongylus megistus, do Insetário do Laboratório de Doenças Parasitárias do IO, 21 indivíduos adultos de R. brethesi e 7 ninfas de 5º estádio, coletados em campo na Região Amazônica, próximo às margens do Rio Erere, em Iguarapé Coruja. As 1578 cepas isoladas, sendo 759 de Triatoma infestans, 130 Rhodnius brethesi, 208 de Panstrongylus megistus e 481 de Rhodnius brethesi coletados em campo, foram classificadas nos gêneros: Penicillum spp., Aspergillus spp., Paecilomyces spp., Curvularia spp., Trichoderma spp e Dematiacea spp. De acordo com a literatura, muitos insetos possuem em seu trato digestivo microorganismos, destacando-se principalmente os fungos. Alguns vetores transmissores de doenças apresentaram uma redução no número de cepas fúngicas quando presente algum agente infeccioso no trato digestivo.Embora tenham sido encontradas grande diversidade de isolados de fungo, os resultados ainda não permitem uma conclusão sobre uma possível interação fungo- protozoário. Novas etapas do projeto estão sendo iniciadas para elucidação desta possível interação.