25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:1678-1


Área: Patogenicidade Microbiana ( Divisão D )

AVALIAÇÃO DO PADRÃO E NÚMERO DE SÍTIOS DE FOSFORILAÇÃO EPIYA DA PROTEÍNA CAGA DE HELICOBACTER PYLORI E RISCO DE CARCINOMA GÁSTRICO.

Sérgio de Assis Batista (ICB-UFMG); Gifone Aguiar Rocha (F. Medicina-UFMG); Andreia Maria Camargos Rocha (F. Medicina-UFMG); Fabrício Freire de Melo (ICB-UFMG); Dulciene Maria de Magalhães Queiroz (F. Medicina-UFMG)

Resumo

A infecção crônica pelo Helicobacter pylori é um fator essencial na patogênese do carcinoma gástrico distal que é a segunda causa mais frequente de morte relacionada ao câncer no mundo. O gene cagA, um marcador da ilha de patogenicidade PAI cag, que codifica a proteína CagA, tem sido considerado um dos principais fatores de virulência associado às doenças mais graves. CagA  é translocada para o interior da células epiteliais gástricas onde é fosforilada no aminoácido tirosina presente nas sequências EPIYA, resultando em rearranjos no citoesqueleto. Há poucos trabalhos avaliando o padrão e número de EPIYAs  da proteína CagA em amostras de H. pylori nos países ocidentais e, em geral, o número de amostras estudados é pequeno, não permitindo conclusões consistentes. Portanto, o objetivo desse estudo foi avaliar se existe associação entre o número de sequências EPIYA-C da proteína CagA de amostras de H. pylori da nossa população com carcinoma gástrico ou úlcera duodenal. Foram estudados 373 pacientes H. pylori-positivos, sendo 136 com gastrite (88 do sexo feminino; média de idade 52,5 ±16,9 anos; variando de 18 a 86 anos), 112 com úlcera duodenal (59 do sexo feminino; média de idade 43,5 ± 15,1 anos; variando de 18 a 82 anos) e 125 com carcinoma gástrico (39 do sexo feminino; média de idade 61,8 ± 13,9 anos; variando de 28 a 92 anos). O DNA bacteriano foi extraído usando o Kit QIAampÒ (QIAGENÒ, Hilden, Alemanha). Amostras de H. pylori cagA-positivas foram investigadas por PCR. Sequências EPIYA da região variável 3' do cagA foram determinadas por PCR e os resultados confirmados por sequenciamento. Não foram observadas diferenças significativas quanto ao número de sequências EPIYA-C entre as amostras de H. pylori isoladas de pacientes com gastrite e úlcera duodenal. Entretanto, amostras de H. pylori isoladas de pacientes com carcinoma gástrico apresentaram um número maior de sequências EPIYA-C quando comparadas com as amostras isoladas de pacientes com gastrite (p=0,0001; OR 3,01;  95% IC = 1,67 – 6,47). Nós demonstramos que a infecção por amostras de H. pylori cagA-positivas contendo um número maior de sequências EPIYA-C está associado com um risco aumentado de carcinoma gástrico distal na nossa população.


Palavras-chave:  Helicobacter pylori, CagA, EPIYA, carcinoma gástrico