25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:1674-1


Área: Microbiologia Clinica ( Divisão A )

DIFTERIA POR CORYNEBACTERIUM ULCERANS: INFECÇÃO ZOONÓTICA NO BRASIL?

Alexandre A.s.o Dias (FIOCRUZ); Cíntia S. dos Santos (UERJ); Feliciano C. Silva Júnior (FIOCRUZ); Gabriela Andrade Pereira (UERJ); Monica Cristina Souza (UERJ); Thereza Cristina Ferreira Camello (UERJ); Priscila S. Sabbadini (UERJ); Vasco Ariston Carvalho de Azevedo (UFMG); Maria Helena da Silva Vilas Bôas (FIOCRUZ); Ana Luiza de Mattos Guaraldi (UERJ); Raphael Hirata Júnior (UERJ)

Resumo

Nas últimas duas décadas a freqüência e a gravidade das infecções por Corynebacterium ulcerans vem aumentando em diversos países. Pacientes infectados por amostras toxinogênicas apresentaram lesões similares às observadas na difteria com formação de pseudomembrana, sinais de síndrome toxêmica e coagulação intravascular disseminada. Assim como observado para Corynebacterium diphtheriae, sua patogenicidade independe da toxina diftérica, uma vez que amostras atoxinogênicas produtoras de fosfolipase D (pld) foram associadas a quadros de pneumonia e de granulomas pulmonares. Recentemente descrevemos o primeiro caso de infecção por C. ulcerans no Brasil, em uma mulher de 80 anos, que veio a óbito após apresentar falência cardio-respiratória e choque toxêmico. Infecções por C. ulcerans em humanos são comumente associadas ao contato com animais de produção ou derivados de origem animal. O crescente número de relatos de transmissão de C. ulcerans entre animais de estimação e seus proprietários e a escassez de estudos sobre infecções neste grupo de animais estimulou a pesquisa de cães como potenciais reservatórios e sua contribuição para a manutenção deste patógeno no ambiente doméstico. Investigando a prevalência em cães clinicamente saudáveis em abrigos localizados na região oceânica do Rio de Janeiro, observamos a presença de C. ulcerans entre os primeiros 60 animais avaliados através do teste de triagem da DNase. Ensaios de PCR (gene rpoB)  e seqüenciamento foram realizados para caracterização definitiva da amostra C. ulcerans Dog22 que foi isolada de canino adulto, fêmea, sem raça definida e não apresentou o gene tox. Após 90 dias de monitoramento o animal foi submetido à terapia com ciprofloxacina que permitiu a eliminação do estado de portador, não havendo necessidade de procedimento de eutanásia conforme indicado em estudos anteriores. Deste modo, no Brasil, cães portadores de C. ulcerans também podem ser considerados importantes reservatórios potenciais para seus proprietários e para outros animais. Veterinários e médicos devem colaborar para o monitoramento deste microrganismo na população urbana, tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento. Apoio financeiro: CNPq, CAPES, FAPERJ, SR-2/UERJ.


Palavras-chave:  Corynebacterium ulcerans, zoonose, diagnóstico, difteria, caracterização molecular