ENTEROBACTÉRIAS MULTIRRESISTENTES ISOLADAS DE LESÕES DE PACIENTES PORTADORES DE PERIODONTITE CRÔNICA

Maria Olívia Gonçalves (UERJ); Marcia Cruz Mota da Fonseca Jones (UERJ); Alexandre Ribeiro Belo (UERJ); José Augusto Adler Pereira (UERJ); Cíntia Silva dos Santos (UERJ); Bianca de Oliveira Fonseca (UERJ); Aurimar de Oliveira Andrade (UERJ); Wagner Pereira Coutinho Filho (UERJ); Ana Luiza de Mattos Guaraldi (UERJ); Raphael Hirata Júnior (UERJ)

Estudos vêm demonstrando a correlação entre a microbiota oral, as doenças periodontais e o desenvolvimento de processos infecciosos no trato respiratório inferior, sugerindo o potencial dos organismos presentes na cavidade oral para causar infecções nosocomiais. Nosso estudo objetivou o isolamento de enterobactérias e a determinação do perfil de sensibilidade aos antibióticos em pacientes portadores de periodontites crônicas. As amostras de enterobactérias foram identificadas por métodos bioquímicos e submetidas aos testes de difusão em agar. Também foi realizada a pesquisa de plasmídios e outros testes fenotípicos e genotípicos voltados à detecção da resistência aos beta-lactâmicos. Ensaios foram realizados no intuito de verificar a transferência de genes de resistência plasmidiais. Os resultados demonstraram o isolamento de 16 cepas de enterobactérias em 20% das amostras. As seguintes espécies de enterobactérias foram detectadas: Enterobacter cloacae (43,75%), Serratia marcescens (31,25%), Klebsiella pneumoniae (6,25%), Pantoeae agglomerans (6,25%) e Citrobacter freundii (6,25%). Foi observada a resistência majoritária à ampicilina (93,75%) e amoxacilina/clavulanato (81,25%). Apenas uma amostra de E. cloacae (PcOM 46) foi resistente às penicilinas, cefalosporinas e aztreonam, sugerindo a expressão de uma beta-lactamase de amplo espectro (ESBL). Amostras de K. pneumoniae e C. freundii foram resistentes apenas a ampicilina, sugerindo a expressão de beta-lactamases não-ESBL. Todas as amostras foram sensíveis ao imipenem. Os maiores níveis de multirresistência foram observados para as cepas E. cloacae PcOM46 (ESBL+) e S. marcescens PcOM63. Foram isolados plasmídeos de baixo e alto peso molecular em todas as amostras estudadas. Tentativas de transferências de plasmídio não resultaram em conversão de resistência aos antimicrobianos por cepa de E. coli sensível e não portadora de plasmídeos. A técnica de PCR revelou a presença de genes blaTEM  e  Tn5/Tn2; Tn3/TN4 para a amostra PcOM46, enquanto a cepa PcOM63 sofreu amplificação para blaSHV. As lesões periodontais, normalmente negligenciadas pela maior parte do corpo clínico hospitalar, podem albergar patógenos multirresistentes capazes de induzir quadros de infecção hospitalar. Apoio: FAPERJ, CNPq, SR2-UERJ, CAPES.