INIBIÇÃO DA FORMAÇÃO DE BIOFILMES DE CANDIDA ALBICANS POR BIOSSURFACTANTES PRODUZIDOS POR LEVEDURAS DO GÊNERO TRICHOSPORON E GEOTRICHUM.

Vitor Domingues (UFMG); Andrea Monteiro (UFMG); Vera Lúcia dos Santos (UFMG); Ary Corrêa (UFMG)

  A adesão de microrganismos a superfícies da mucosa do hospedeiro e em equipamentos hospitalares é o maior determinante do sucesso de colonização e infecção. Biossurfactantes são compostos produzidos por microrganismos que exibem atividade superficial, podendo, ainda, apresentarem atividade antimicrobiana e antiadesiva por formarem um filme na interface. Esta interação pode afetar a adesão e dessorção de microrganismos. Neste estudo, avaliamos o efeito de biossurfactantes produzidos pelas leveduras Trichosporon loubiere CLV2O, Geotrichum sp. CLOA40, T. montevideense CLOA70 e T. montevideense CLOA72 na formação de biofilmes por Candida albicans, bem como a influência destes compostos na aderência de C. albicans às células epiteliais bucais (CEB), utilizando o método de aderência proposto por Kimura e Pearsall (1978). Para os ensaios de inibição da formação de biofilmes, alíquotas de 100 µL de uma suspensão de C. albicans (D.O₆₀₀ 1,0) em meio RPMI, acrescidas dos biossurfactantes purificados por cromatografia de gel filtração S-200 em concentrações crescentes (0,5 a 16 mg/mL) foram transferidas para poços de placas de 96 poços. As placas foram incubadas a 37 ºC por 24 h. A formação de biofilmes foi quantificada após adição de cristal violeta 1% aos poços, extração do corante com etanol e determinação da D.O. a 570 nm. T. montevideense CLOA72 apresentou as maiores taxas de redução de inibição dos biofilmes, sendo que a menor concentração que reduziu significantemente a formação dos biofilmes (P< 0.05) foi 2 mg/mL, o qual resultou em uma redução de 10,20%. A concentração de 16 mg/mL reduziu o biofilme em 81,4%. A capacidade adesiva das células na superfície de poliestireno foi correlacionada ao aumento da hidrofobicidade celular (<54%) durante a formação de biofilmes. Nos ensaios de CIM, não foi observada inibição do crescimento de C. albicans tratadas com diferentes concentrações do biossurfactante (até 25 mg/mL). Por sua vez, a inibição da aderência de C. albicans em CEB pelo biossurfactante de CLOA72 nas concentrações de 6 mg/mL a 20 mg/mL variou de 71,6% a 85,2%, e estes valores foram estatisticamente significativos (P< 0,05). Os resultados sugerem uma possível utilização dos biossurfactantes das leveduras em estudo na inibição da adesão e colonização de superfícies de materiais plásticos e superfícies biológicas (células do hospedeiro) por C. albicans.