SOROVARES DE SALMONELLA DE ORIGEM HUMANA IDENTIFICADOS NO ESTADO DO PARÁ, BRASIL

Edvaldo Carlos Brito Loureiro (IEC/MS); Nathalia Danielly Borges Marques (IEC/MS); Frascisco Lúzio de Paula Ramos (IEC/MS); Eliane Moura Falavina dos Reis (IOC/FIOCRUZ); Dália dos Prazeres Rodrigues (IOC/FIOCRUZ); Ernesto Hofer (IOC/FIOCRUZ)

Introdução: A Salmonella pertence à família Enterobacteriaceae e a sua classificação atual, baseada em estudos moleculares, divide o gênero em duas espécies: Salmonella enterica, que possui seis subespécies e Salmonella bongori. As salmoneloses têm distribuição cosmopolita acometendo todas as faixas etárias, e constituem globalmente importante problema de saúde pública. As formas clínicas são representadas por gastrenterites agudas e por febres entéricas (febre tifóide e paratifóides). No Brasil, a febre tifóide ocorre sob forma endêmica, especialmente no Norte e Nordeste, tendo sido responsável por importantes epidemias no Pará. Objetivo: Este estudo objetiva identificar os sorovares de Salmonella isolados de casos de infecção humana ocorridos em 43 municípios do Estado do Pará, no período de 1991 a 2008. Materiais e Métodos: Foram utilizadas 890 amostras de Salmonella isoladas de coproculturas e hemoculturas (métodos convencionais), incluindo 55 detecções de S. Typhi nas fezes e no sangue, simultaneamente, de indivíduos sintomáticos. Os exames foram realizados na Seção de Bacteriologia e Micologia do Instituto Evandro Chagas, no período de 1991 a 2008. A identificação bioquímica seguiu as recomendações de Ewing. A caracterização sorológica de Salmonella foi realizada no Instituto Oswaldo Cruz/FIOCRUZ. Resultados: Analisaram-se 835 cepas de Salmonella que foram responsáveis por infecções humanas ocorridas em 43 municípios do Estado do Pará, com destaque a Belém (65,5%), Abaetetuba (5,7%), Ananindeua (4,9%) e Anajás (2,9%), compreendendo a 79,1% (704 amostras) das situações. As amostras foram distribuídos em treze sorogrupos, com destaque para o grupo D (68,1%), e identificaram-se 47 sorovares de Salmonella, destacando-se S. Typhi (58,9%), S. Enteritidis (5,4% e S. Saintpaul (2,5%). Os casos de febre tifóide ocorreram em todos os anos (1991 a 2008), e 53,9% das ocorrências foram detectadas pela coprocultura, 34,9% na hemocultura e 11,2% em ambas simultaneamente, em 34 (79,1%) dos 43 municípios onde foram registrados Salmonella spp. Conclusão:  Ressalta-se a maior prevalência de S. Typhi (58,9%) dentre os 47 sorovares identificados, fato que aponta a febre tifóide como um sério problema de saúde pública na região Norte do país, necessitando de maior atenção dos serviços de saúde quanto a vigilância epidemiológica e ambiental, com vistas à prevenção e controle efetivo desta importante doença endêmica regional.