25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:1402-2


Área: Microbiologia Clinica ( Divisão A )

CO-INFECÇÃO PELO CORYNEBACTERIUM DIPHTHERIAE E O VÍRUS DA MONONUCLEOSE INFECCIOSA: DIFICULDADES NO DIAGNÓSTICO CLÍNICO E LABORATORIAL 

Paulo V Damasco (UNIRIO); Débora L R Gomes (IFRJ Campus Realengo); Ana Lúcia F Oliveira (LACEN - SESDEC - RJ); Rosane S Marinelli (LACEN - SESDEC - RJ); Louisy S Santos (FCM - UERJ); Fátima Napoleão (FCM - UERJ); Thereza C F Camello (FCM - UERJ); Raphael Hirata Jr (FCM - UERJ); Ana Luiza Mattos-guaraldi (FCM - UERJ)

Resumo

Além da difteria clássica, atualmente tem sido observado um número crescente de quadros atípicos de infecções causadas pelo Corynebacterium diphtheriae. No presente estudo, relatamos um caso de co-infecção pelo C. diphtheriae e o vírus da mononucleose infecciosa em criança de 11 anos de idade residente na área metropolitana do Rio de Janeiro, apresentando histórico de vacinação completa para difteria. Em 05/09/2008, após nove dias de evolução clínica e terapia antimicrobiana com penicilina G benzatina e amoxicilina, o paciente foi internado no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com suspeita clínica de difteria. Exames clínico-laboratoriais demonstraram presença de pseudomembrana na amígdala direita, não removível com a espátula, linfonodomegalia na cadeia cervical lateral à direita com edema de pescoço, febre (TAX= 37,8º C) e leucograma apresentando 12.870 leucócitos, 2% de bastões, 67,6% de linfócitos e raros monócitos. Exames microbiológicos específicos demonstraram a presença de bastonetes Gram-positivos irregulares (BGPIs) tanto na baciloscopia direta quanto no cultivo primário. Entretanto, não foi possível o repique sucessivo da amostra clínica, provavelmente em decorrência da terapia antimicrobiana em curso. No quarto de isolamento, foi iniciada a terapia com soro antidiftérico e penicilina G cristalina. Após dois dias de tratamento para difteria, houve redução gradativa da placa branco-acinzentada e da adenomegalia. No 4º dia de internação hospitalar, a leucometria global apresentava-se dentro do padrão de normalidade. Contudo, permaneciam evidentes raros linfócitos atípicos e linfocitose de 5.250 linfócitos/mm3. Testes sorológicos específicos para o Epstein-Barr vírus identificaram IgG e IgM anti-VCA. O paciente recebeu alta em 10/09/2008. Na literatura internacional disponível, encontramos apenas um caso descrito de co-infecção por estes patógenos. Considerando que a difteria permanece endêmica em muitos países, inclusive em nosso território, apresentando-se muitas vezes de forma atípica e acometendo também indivíduos imunizados, ressaltamos a necessidade de que os profissionais de saúde estejam preparados para realizarem o diagnóstico clínico e laboratorial de infecções causadas tanto por cepas toxinogênicas quanto por cepas atoxinogênicas de bacilo diftérico. Apoio financeiro: CNPq, CAPES, FAPERJ, SR-2/UERJ.


Palavras-chave:  Corynebacterium diphtheriae, Difteria, Mononucleose Infecciosa, Diagnóstico clínico e laboratorial