AVALIAÇÃO DO POTENCIAL DE PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTES E ENZIMAS LIPASES POR LEVEDURAS ISOLADAS DE REQUEIJÃO DO NORTE PRODUZIDO NO ESTADO DE MINAS GERAIS

Rafael Pezzuti Dias (ICB / UFMG); Vera Lúcia dos Santos (ICB / UFMG); Camila Sales Nascimento (ICB / UFMG)

O biodiesel tem recebido considerável atenção por ser biodegradável, atóxico e derivado de fontes renováveis de energia. Em todos os processos de produção desse biocombustível é gerado um subproduto principal, o glicerol. Embora o biodiesel ainda apresente preço de mercado relativamente superior ao diesel comercial, se os processos de recuperação e aproveitamento do glicerol forem otimizados, a viabilidade econômica da cadeia produtiva do biodiesel pode ser aumentada. Novas aplicações do glicerol devem ser padronizadas com a finalidade de se obter produtos de alto valor agregado como biossurfactantes e enzimas lipases. Os biossurfactantes são moléculas anfipáticas com propriedades tenso-ativas produzidas por muitos microrganismos e possuem diversas aplicações industriais e ambientais. As lipases microbianas são enzimas que também possuem um enorme potencial de uso biotecnológico, podendo ser usadas inclusive como catalisadores da reação para produção de biodiesel. Neste estudo, foi avaliada a capacidade de produção de biossurfactantes e lipases por 192 leveduras isoladas de Requeijão do Norte e depositadas na coleção de culturas do Laboratório de Ecologia e Biotecnologia de Leveduras da UFMG. A seleção de leveduras produtoras de lipases foi realizada em meio sólido [(NH₄)₂SO₄ 0,5%, (NH₂)₂CO 0,2%, MgSO₄.7H₂O 0,1%, NaCl 0,1%, sais biliares 0,2%, extrato de levedura 0,05%, ágar 1,5%] acrescido de 1% de óleo de oliva. As colônias lipolíticas foram detectadas pela presença de um halo claro no meio opaco. Os isolados também foram crescidos em meio líquido (NH₄NO₃ 0,1%, KH₂PO₄ 0,1%, MgSO₄.7H₂O 0,05%, peptona 2,0%) contendo 1% de óleo de oliva. Após a incubação por 72 h a 28 ^oC, o meio livre de células foi utilizado para detecção das atividades emulsificante e surfactante. 51 isolados apresentaram atividade lipolítica e 45 apresentaram atividade surfactante e/ou emulsificante, sendo a última estável por mais de 24 h, com valores que variaram de 11,3% a 71,88% de atividade. Muitos desses isolados também são capazes de utilizar o glicerol como fonte de carbono, e serão avaliados quanto à capacidade de produzir enzimas lipases e biossurfactantes a partir deste substrato.