25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:1360-1


Área: Microbiologia de Alimentos ( Divisão K )

OCORRÊNCIA DE ESCHERICHIA COLI PRODUTORA DE TOXINA DE SHIGA (STEC) EM BOVINOS CRIADOS EM CONFINAMENTO

Ana Eucares Von Laer (UFPel); Katia Leani Oliveira de Souza (USP); Kinue Irino (IAL); Mariza Landgraf (USP); Maria Teresa Destro (USP)

Resumo

STEC são importantes patógenos humanos capazes de causar doenças graves como a colite hemorrágica e a síndrome urêmica hemolítica. Considerados como reservatórios primários desse microrganismo, os ruminantes domésticos, especialmente os bovinos, têm sido apontados como principais fontes de infecções nos surtos e casos esporádicos. A criação de bovinos pelo sistema de confinamento, que permite a obtenção de animais com maior peso em menor tempo, proporciona uma maior disseminação e permanência de microrganismos, inclusive patógenos. Este trabalho teve como objetivo avaliar a presença de STEC nas fezes de bovino criados por confinamento. Foram avaliadas fezes de 60 animais de 5 raças distintas (Nelore, Angus, Simental, Angus ½ sangue e Simental ½ sangue) coletadas durante o período de confinamento. Os isolados de E. coli foram submetidos à avaliação da presença dos genes eaeA, ehxA, uidA, stx1 e stx2 e as cepas identificadas como STEC foram submetidas à sorotipificação. Foram isoladas 463 colônias de E. coli, sendo que dessas, 38 foram caracterizadas como STEC. A maioria das cepas (47%) foi positiva para stx1, enquanto 37% foram positivas para stx2 e 16% para stx1 e stx2. Onze cepas (29%) foram positivas para o gene que codifica para entero-hemolisina (ehxA), 8 (21%) positivas para o gene eaeA, caracterizando cepas EHEC e 7 (18%) apresentaram o gene uidA, presente caracteristicamente em cepas do sorotipo O157:H7. Com exceção de 1 cepa identificada como O97:H1, as demais cepas uidA-positivas foram confirmadas como O157:H7 e dentre os sorotipos mais comumente envolvidos em casos de infecções humanas, esse foi o único identificado entre as 38 STEC. Alguns animais das raças Angus e Simental chegaram ao confinamento excretando STEC, mas durante o confinamento, 23 (38%) animais em alguma fase excretaram o microrganismo, sendo que, Nelore foi a raça que apresentou menor positividade. Os resultados demonstram que os bovinos saudáveis criados em confinamento são carreadores de cepas STEC potencialmente patogênicas para humanos, inclusive pertencentes ao sorotipo O157:H7, porém há maior ocorrência de STEC não-O157. Duas hipóteses podem ser levantadas para explicar os resultados obtidos, ou o tipo de criação mostrou-se propicio à disseminação do patógeno ou a excreção do microrganismo pelos animais ocorre de forma intermitente, impedindo a sua detecção em algumas fases.


Palavras-chave:  Bovinos, Confinamento, STEC, Toxina de Shiga