CARACTERIZAÇÃO DE CEPAS DE CLOSTRIDIUM DIFFICILE ISOLADAS DE PACIENTES INTERNADOS E DO AMBIENTE DE HOSPITAIS PÚBLICO E PRIVADO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Ilana Teruszkin Balassiano (UFRJ); Felipe Lopes Teixeira (UFRJ); Joaquim dos Santos-filho (UFRJ); Jon S Brazier (Univ. Hospital); Márcia Pinto Barros de Oliveira (INFECTO consultoria); Catarina Ramos (SCIH); Simone Aranha Nouér (UFRJ); Elaine Araújo (UFRJ); Eliane de Oliveira Ferreira (UFRJ); Regina Maria Cavalcanti Pilotto Domingues (UFRJ)

Clostridium difficile tem sido relacionado com diarréia associada a antibióticos (DAA) e colite pseudomembranosa. Cepas patogênicas de C. difficile produzem, como principais fatores de virulência, uma enterotoxina (TcdA) e uma citotoxina (TcdB). Algumas cepas produzem também a toxina binária (CDT), cujo papel ainda é incerto no processo infeccioso. No Brasil existem poucos relatos da associação de C. difficile com DAA e sua dispersão dentro de unidades hospitalares. O objetivo deste trabalho foi pesquisar e caracterizar cepas de C. difficile a partir de amostras de fezes de pacientes com suspeita de DAA e do ambiente hospitalar, de duas unidades de saúde localizadas na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Amostras de fezes diarréicas e de ambiente foram submetidas a técnicas de cultura padrão. As amostras de fezes também foram avaliadas quanto à presença de toxinas A e B, utilizando-se um imunoensaio enzimático (ELISA) comercial. Os isolados foram identificadas fenotípica e genotipicamente, esta última através de reações de amplificação (PCR) tendo como alvo gene espécie-específico. PCR também foi utilizada para confirmar a presença de genes para as toxinas A, B e binária. Foi realizada tipagem molecular dos isolados, utilizando-se as técnicas de PCR-ribotipagem e PFGE. Amostras do hospital 1 (HUCFF-UFRJ, hospital público, federal, universitário) foram coletadas entre março/2008 até a presente data. Amostras do hospital 2 (hospital privado, terciário) foram coletadas entre março e julho de 2008. Foram encaminhadas 81 amostras de fezes diarréicas e 67 do ambiente. Com relação ao hospital 1, não foi possível recuperar C. difficile a partir das amostras ambientais, porém 27,9% (19/68) das amostras de fezes apresentaram reação positiva no ELISA. Destas, oito foram positivas também na cultura. Com relação ao hospital 2, foi possível isolar o microrganismo a partir de uma amostra ambiental (swab de pia do expurgo), além de 100% (13/13) das amostras fecais analisadas terem apresentado reação positiva no ELISA. Destas, foi possível o isolamento bacteriano a partir de três amostras. Todos os isolados foram positivos para a presença de genes tcdA e tcdB, e negativos para cdt. Resultados preliminares da tipagem molecular revelaram a presença de dois tipos clonais circulantes no hospital 2, sendo um tipo isolado de amostras fecais de dois pacientes e outro isolado de uma amostra de fezes e uma ambiental. No hospital 1 também foi observado um tipo clonal isolado de duas amostras clínicas de dois pacientes distintos. Este trabalho evidencia a presença de C. difficile, inclusive de isolados com características clonais, em pacientes apresentando DAA e no ambiente de hospitais da cidade do Rio de Janeiro, reforçando a importância do estudo desse microrganismo para a compreensão de sua dispersão entre unidades hospitalares brasileiras.