25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:1337-1


Área: Microbiologia Clinica ( Divisão A )

VARIAÇÃO DE FASE EM ESCHERICHIA COLI - UMA REALIDADE.

Cláudia de Moura (UNICAMP); Monique Ribeiro Tiba (UNICAMP); Erivaldo José Silva (UNICAMP); Domingos da Silva Leite (UNICAMP)

Resumo

As Escherichia coli apresentam um conjunto gênico para expressão flagelar, mediado pelo gene fliC. Estudos posteriores à década de 80 demonstraram que algumas cepas de E. coli podem apresentar outros genes de expressão de flagelina, mediados pelos genes flkA, flmA e fllA, apresentando ainda, um gene com atividade repressora de fliC denominado fljA, semelhante à Salmonella enterica. Quando a flagelina é codificada por fliC, este se apresenta em estado on. Quando a flagelina é expressa por outro gene que não fliC, este se apresenta em estado off, num fenômeno denominado variação de fase flagelar, muito conhecido em Salmonella, porém, inédito em E. coli. Baseado neste mecanismo, o trabalho teve como objetivo a detecção do gene fliC, fljA, flkA (H53) e flmA (H54) por PCR (Reação da Polimerase em Cadeia) em 53 cepas de E. coli padrão para o antígeno H e em 31 amostras H não-tipável (HNT) isoladas de diversas fontes. Os produtos de fljA foram seqüenciados verificou-se a sua funcionalidade através do teste de motilidade. Trinta e uma amostras HNT e 48 amostras H padrão foram positivas para fliC, com exceção à H3, H17, H25, H53 e H54. Foram positivas para fljA as amostras padrão H35, H53 e H54 e duas amostras (3C e 4C) HNT isoladas de bovinos. Para o gene flmA, foram positivas as amostras H35, H54, 3C e 4C. A E. coli H53 foi positiva para flkA. Os produtos gênicos de fljA foram seqüenciados parcialmente. As seqüências das amostras padrão H53 e H54 foram semelhantes (95 e 98% respectivamente) aos depositados no GenBank. A sequência parcial de fljA da amostra H35 mostrou 97% de similaridade ao gene fljA de H3. Já as amostras de campo mostraram 94% de similaridade fljA de Salmonella enterica sorotipo Typhi. Quanto à funcionalidade de fljA, as amostras de campo foram cultivadas em meios de cultura semi-sólidos acrescidos de anti-soros. As duas amostras de campo alternaram a flagelina expressa quando cultivadas com anti–H54. A amostra 3C apresentou o fenótipo H54/HNT, e a amostra 4C o fenótipo H54/H48. Este trabalho confirma que E. coli possuem outro sistema gênico para expressão flagelar e que o fenômeno de variação de fase ocorre na natureza.

Apoio: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Auxílio à pesquisa), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Bolsa).


Palavras-chave:  Escherichia coli, flagelo, variação de fase, fliC, sorologia