25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:1285-1


Área: Micologia Médica ( Divisão B )

ALTERAÇÕES NA MICROBIOTA BUCAL DE PACIENTES PEDIÁTRICOS COM ANEMIA FALCIFORME SOB TERAPIA ANTIBIÓTICA PROFILÁTICA

Bruno Mello de Matos (FOSJC-UNESP); Zulene Eveline Abreu Ribeiro (FOSJC-UNESP); Edson Yukio Komiyama (FOSJC-UNESP); Graziella Nuernberg Back-brito (FOSJC-UNESP); Adolfo José da Mota (ICB-USP); Ivan Balducci (FOSJC-UNESP); Maria Stella Figueiredo (EPM-UNIFESP); Josefina Aparecida Pellegrini Braga (EPM-UNIFESP); Cristiane Yumi Koga-ito (FOSJC-UNESP)

Resumo

A anemia falciforme é a mais freqüente doença hereditária observada no Brasil. Crianças com anemia falciforme são submetidas à terapia antibiótica profilática prolongada com penicilina e pouco se sabe a respeito do efeito desta terapia sobre a microbiota bucal. O objetivo do estudo foi avaliar a microbiota cariogênica e fúngica, fluxo e capacidade tampão salivar de pacientes pediátricos com anemia falciforme traçando um perfil do risco de cárie. Vinte e cinco crianças (4 –11 anos) com anemia falciforme (genótipo SS) sob profilaxia com penicilina por pelo menos 6 meses foram incluídas no estudo. Um grupo controle pareado composto por 25 crianças saudáveis, sem doenças sistêmicas ou bucais, e pareadas por idade, sexo e condições bucais foi incluído. Saliva estimulada foi coletada dos pacientes, e o fluxo e capacidade tampão salivar foram avaliados. Foi realizado exame clínico para verificação do índice ceod/CPOD e um questionário sobre freqüência e conteúdo da dieta foi preenchido. Alíquotas de saliva estimulada e diluições foram semeadas em meios seletivos para estreptococos do grupo mutans, lactobacilos e leveduras e os resultados foram expressos em valores UFC/mL de saliva. O conjunto dos dados foi analisado por meio do software Cariograma, obtendo-se o risco de cárie, que foi comparado estatisticamente entre os grupos em estudo. Colônias de leveduras foram isoladas, identificadas pelo sistema API 20 C AUX e multiplex PCR específico para C. dubliniensis. Com relação aos parâmetros indicativos do risco de cárie, somente a contagem de leveduras foi significativamente mais elevada no grupo com anemia falciforme (p=0,017). Um total de 117 isolados de leveduras foi identificado. No grupo anemia falciforme, Candida albicans, C. dubliniensis, C. famata, C. rugosa, C. sphaerica e C. tropicalis foram encontradas. No grupo controle, C. albicans, C. famata, C. parapsilosis, C. tropicalis e Saccharomyces cerevisiae foram identificadas. Para os demais parâmetros (fluxo salivar, capacidade tampão, contagem de bactérias cariogênicas, índice ceod/CPOD) não foi verificada diferença significativa (p>0,05). Sobre o risco de cárie, 60% das crianças com anemia falciforme apresentaram risco elevado de cárie em relação a 52% no grupo controle (p=0,762). Concluiu-se que pacientes pediátricos com anemia falciforme apresentaram risco de cárie similar aos controles, contudo, os níveis bucais de leveduras apresentaram-se mais elevados nestes pacientes.

Apoio: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).

Palavras-chave: Anemia falciforme, cárie dentária, leveduras, saliva.


Palavras-chave:  Anemia falciforme, Cárie dentária, Leveduras, Saliva