25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:1270-2


Área: Ecologia Microbiana ( Divisão I )

EFEITO DA DEPOSIÇÃO ATMOSFÉRICA DE NITROGÊNIO SOBRE MICRO-ORGANISMOS ASSOCIADOS À RIZOSFERA DE HABENARIA CALDENSIS KRAENZL. (ORCHIDACEAE), NO PARQUE ESTADUAL DO ITACOLOMI (PEIT), MG/BRASIL.

Victor Pylro (UFV); Eduardo Cruz (UFOP); Alessandra Kozovits (UFOP); Gabriela Duarte (UFOP)

Resumo

Nos últimos séculos, as atividades humanas têm elevado a concentração de gases de efeito estufa e de poluentes gasosos na atmosfera a níveis capazes de alterar, direta ou indiretamente, o desenvolvimento de diferentes componentes da biosfera. O aumento da deposição de nitrogênio (N) cresceu cerca de 4,5 vezes de 1843 até o presente. As principais formas nitrogenadas emitidas pelas atividades antrópicas (NO, N2O, NH3, NO2) e seus produtos de reação (NH4+, NO3- e HNO3) possuem grande mobilidade na atmosfera sendo assim, a dicotomia entre ecossistemas alterados pelo homem e áreas nativas livres da influência antrópica começa a desaparecer. Ecossistema dominante na Cadeia do Espinhaço, os campos rupestres seriam potencialmente os mais afetados pela deposição de nitrogênio, uma vez que os mesmos são caracterizados por solos que, quando presentes, são rasos, distróficos e com baixa capacidade de retenção de água. Sob tais condições, as espécies vegetais devem apresentar adaptações morfofisiológicas que as permitam maximizar a captação e o uso de recursos limitantes e minimizar suas perdas. A capacidade de estabelecer relações simbióticas com micro-organismos presentes na rizosfera pode ser de extrema importância para o estabelecimento e manutenção de algumas plantas. Diante disso, o objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito da deposição atmosférica de nitrogênio sobre a microbiota cultivável dominante presente na rizosfera de indivíduos de Habenaria caldensis (Orchidaceae). Amostras de solo rizosférico de indivíduos sujeitos a fertilização nitrogenada (NH4NO3), por aspersão, e indivíduos não fertilizados (Controle) foram coletadas, submetidas a diluições seriadas em salina e plaqueadas em ágar nutriente para quantificação da microbiota cultivável. Os isolados obtidos também foram qualificados morfologicamente através de coloração de Gram e microscopia ótica. O grupo Controle apresentou um número maior de UFC’s (2,03x105 UFC’s) quando comparado ao grupo Tratamento (1,30x104 UFC’s). Dez isolados foram obtidos (4 no Tratamento e 6 no Controle) com predomínio de estreptobacilos Gram-negativos e Gram-positivos. Os autores sugerem que com um maior aporte de nitrogênio disponível, talvez a planta passe a investir menos recursos na manutenção de um microhabitat na rizosfera que beneficia, por exemplo, bactérias fixadoras de nitrogênio, ou a fertilização pode estar beneficiando um determinado microrganismo não-cultivável, que por sua vez esteja excluindo competitivamente outro cultivável. Orquídeas são bastante sensíveis a poluição, não sendo naturalmente encontradas em áreas com forte influência antrópica. Trabalhos focados na influência da deposição atmosférica de nitrogênio sobre orquídeas e sua microbiota associada, em ecossistemas de campos rupestres, são desconhecidos, apesar da extrema relevância.


Palavras-chave:  Deposição de nitrogênio, Campos Rupestres, Orchidaceae, Habenaria caldensis, PEIT