TRICHOSPORONOSE ESOFÁGICA ASSOCIADA A MALIGNIDADE PULMONAR: PRIMEIRO RELATO

Aline Mary de Almeida Farias (UFPE); Danielle Patrícia Cerqueira Macêdo (UFPE); Vanessa Karina Alves da Silvas (UFPE); Ana Botler Wilheim (HUOC); Rejane Pereira Neves (UFPE)

Trichosporonose é uma micose rara, frequentemente fatal em pacientes imunocomprometidos, sendo causada por leveduras patogênicas do gênero Trichosporon que podem colonizar a pele e o trato respiratório sendo comumente resposáveis por infecções cutâneas e sistêmicas, principalmente em pacientes com câncer. O fator de risco mais importante para a ocorrência dessa infecção fúngica é a prolongada e severa neutropenia, facilitando a disseminação da micose. Trichosporon inkin, T. asahii, T. cutaneum e T. ovoides destacam-se em infecções humanas. O acometimento esofágico é raramente relatado. O objetivo deste estudo é relatar um caso de trichosporonose esofágica por T. inkin em paciente com malignidade pulmonar. Paciente do sexo feminino, 54 anos, com hipertensão e diabetes mellitus, foi admitida em hospital público queixando-se de tosse, dispnéia, disfagia severa e regurgitação acompanhada de perda de peso. Após dois meses foi diagnosticado carcinoma indiferenciado, ulcerativo e infiltrativo de mucosa brônquica, sendo, então, iniciados ciclos de quimioterapia. Devido à disfagia e regurgitação, sintomas típicos de esofagite, a paciente foi submetida à endoscopia do trato digestivo superior. Fragmentos da lesão esofágica foram coletados e encaminhados para o Laboratório de Micologia Médica da Universidade Federal de Pernambuco para realização do diagnóstico micológico. Lâminas do espécime clínico clarificado com solução de hidróxido de potássio a 20% foram confeccionadas para observação microscópica direta. Concomitantemente, o material clínico foi semeado em meio ágar Sabouraud adicionado de 50mg/L de cloranfenicol contido em placas de Petri, as quais foram incubadas a 30^o e 37^oC para o cultivo do agente etiológico. Ao exame endoscópico, verificou-se placas esbranquiçadas esparsas nos dois terços superiores do esôfago, indicando esofagite grau I de Wilcox, sendo observados micélio hialino septado e artrosporado, bem como células de leveduras ao exame direto. De acordo com os aspectos morfofisiológicos da cultura foi identificado T. inkin como agente etiológico. Este é o primeiro relato desta espécie como causa de esofagite em paciente com câncer de pulmão. O caso indica que o diagnóstico micológico torna-se imprescindível por contribuir significativamente nas medidas terapêuticas a serem instituídas adotando estratégias específicas, prococes e eficazes.