CARACTERIZAÇÃO DE RESISTÊNCIA À OXACILINA EM ESTAFILOCOCOS COAGULASE-NEGATIVA

Thaciana Barone Pereira (INCQS/FIOCRUZ); Cristina Ferreira E Teixeira (PRS/UGF); Maria Helena Simões Villas Bôas (INCQS/FIOCRUZ)

Os estafilococos coagulase-negativa (ECN), até pouco tempo atrás, eram considerados apenas contaminantes com pouca relevância clínica. Entretanto, a partir da década de 80, este grupo de microrganismos foi reconhecido como importante causador de infecções hospitalares. Sabe-se que um grande número de amostras clínicas de ECN é resistente a vários antibióticos, incluindo as penicilinas semi-sintéticas como a meticilina. Neste estudo, tivemos como objetivo avaliar comparativamente a suscetibilidade à oxacilina de 63 isolados clínicos de ECN através da utilização do sistema automatizado Vitek, e dos testes de triagem de difusão em ágar usando-se oxacilina e de difusão com disco contendo cefoxitina. Também verificamos a presença do gene mecA através da técnica da reação em cadeia da polimerase. Os isolados clínicos, previamente identificados, foram oriundos de um hospital público do Estado do Rio de Janeiro e coletados no período de 2003 a 2005. No teste automatizado Vitek foi usado o cartão GPS-105 (bioMérieux). A triagem em ágar contendo oxacilina foi realizada em ágar Müeller-Hinton suplementado com 6 mg de oxacilina/mL e 4% de NaCl. No teste de difusão com disco contendo cefoxitina, o inóculo bacteriano foi semeado em placas de Petri contendo ágar Müeller-Hinton e discos de 30 mg de cefoxitina. O Vitek detectou uma alta taxa de resistência à oxacilina, que estava associada à resistência internediária à vancomicina em um isolado clínico. A resistência à oxacilina determinada pelo teste de difusão com disco contendo cefoxitina demonstrou melhor acurácia do que o teste de triagem em ágar contendo oxacilina, para revelar a expressão da PBP2a, quando comparados à detecção do gene mecA, considerado padrão ouro para essa avaliação em sensibilidade e especificidade. O gene mecA foi detectado em 56 (88,88%) destes isolados clínicos. Quarenta e três (68,25%) isolados clínicos foram considerados resistentes à oxacilina, enquanto 46 (73%) demonstraram resistência à cefoxitina. Foi observado que o sistema Vitek e o teste de difusão com disco contendo cefoxitina, comparados à PCR, foram os métodos fenotípicos mais acurados em detectar a resistência à oxacilina nos ECN. Ressaltamos a importância de estudos envolvendo diferentes métodos de caracterização de resistência aos antimicrobianos que possam trazer mais subsídios para a área clínica, considerando principalmente a crescente disseminação dos ECN como patógenos hospitalares.