FEOHIFOMICOSE PULMONAR POR CURVULARIA LUNATA VAR. AERIA EM CARCINOMA DE PEQUENAS CÉLULAS METASTÁTICO: PRIMEIRO RELATO DE CASO

Raquel Jacques de Farias (UFPE); Marcelo Magalhães da Silveira Neto (CICC); Maria das Graças Granja Mattos (CICC); Tulio Paes Mendonça Lima (CICC); Daisy Nunes Oliveira Lima (CICC); Rejane Pereira Neves (UFPE)

Feohifomicose, micose causada por fungos demáceos, é caracterizada por variadas manifestações clínicas que podem ocorrer em imunocompetentes, assim como em imunodeprimidos. Dos agentes etiológicos dessa micose, destacam-se Fonsecaea pedrosoi, Phialophora verrucosa, Rhinocladiella aquaspersa e Cladosporium carrionii. Contudo, outras espécies são raramente encontradas em casos clínicos, como Curvularia lunata, a qual foi descrita na década de 80 em dois casos de ceratite. Um pequeno número de espécies de Curvularia pode, ocasionalmente, originar doenças em animais, incluindo humanos, surgindo como agentes de onicomicoses, sinusite alérgica, pneumonia, endocardite e alergia broncopulmonar. Neste trabalho, é reportado o primeiro caso de feohifomicose pulmonar por Curvularia lunata var. aeria. O paciente do sexo masculino, 56 anos de idade, adestrador de eqüinos, com história de derrame pleural e lesão brônquica, foi submetido a broncoscopia, sendo realizado lavado e escovado brônquicos. A avaliação citopatológica do escovado brônquico foi negativa para células neoplásicas e houve suspeita de carcinoma de pequenas células no lavado, além de serem demonstradas hifas consistentes com fungos. Posteriormente, o paciente retornou ao laboratório para realização de punção aspiração por agulha fina (PAAF) de linfonodo cervical, com diagnóstico citológico de carcinoma  de pequenas células metastático. O lavado brônquico foi encaminhado ao Laboratório de Micologia Médica da Universidade Federal de Pernambuco para avaliação micológica adequada. O material correspondia a cinco mililitros de líquido esbranquiçado, o qual foi citocentrifugado e, do sedimento, confeccionados cinco esfregaços citológicos, os quais foram fixados em etanol absoluto ou fixados a seco, sendo corados pela técnica de Papanicolaou e Panótico, respectivamente, bem como, examinados a fresco. Paralelamente, o espécime foi semeado em placas de Petri contendo ágar Sabouraud e ágar BHI acrescidos de 50mg/L de cloranfenicol, mantidas à temperatura de 30°C e 37°C. Ao exame direto, foram evidenciados vários filamentos micelianos, septados, demáceos e, em cultura, os aspectos macroscópicos e microscópicos indicaram Curvularia lunata var. aeria como agente etiológico. Micoses emergentes frequentemente ocorrem em imunodeprimidos por neoplasia maligna, sendo fundamental a interação entre o diagnóstico clínico e laboratorial para melhor sobrevida do paciente.