INVESTIGAÇÃO DE COMUNIDADES BACTERIANAS RELACIONADAS AO METABOLISMO DE HIDROCARBONETOS LEVES EM AMOSTRAS DE SOLO

Paula Brandão Miqueletto (USP); Justo Camejo Ferreira (CENPES); Eugenio Vaz dos Santos Neto (CENPES); Valéria Maia de Oliveira (CPQBA/Unicamp)

Solos ou sedimentos superficiais apresentam hidrocarbonetos gasosos em quantidades altamente variáveis. Apesar da composição química simples, os hidrocarbonetos gasosos nem sempre são facilmente entendidos quanto à sua origem, evolução e ocorrência na crosta terrestre. As formações superiores de um reservatório de óleo podem conter emanações destes gases, e acredita-se que estas podem ser detectáveis indiretamente utilizando-se bactérias no solo capazes de degradá-los. O presente estudo tem como objetivo analisar e comparar a estrutura de comunidades microbianas de áreas petrolíferas e não petrolíferas, relacionando-as ao metabolismo de gases leves. Para isso foram analisadas primeiramente duas amostras de solo de áreas não petrolíferas (sedimento e solo), fornecidas pela Petrobras. A extração do DNA total das amostras foi realizada com sucesso, seguida da amplificação dos genes RNAr 16S com primers genéricos para o Dominio Bacteria e posterior clonagem. No total, cerca de 200 clones foram submetidos ao seqüenciamento automatizado e análise filogenética. As amostras de solo e sedimento apresentaram representantes de diversos filos bacterianos, sendo a diversidade observada diferente entre elas. No sedimento foi detectada abundância massiva de clones relacionados à Família Enterobacteriaceae, enquanto no solo os clones mostraram uma distribuição mais homogênea entre os grupos taxonômicos encontrados. Análises de cromatografia gasosa dos hidrocarbonetos de cadeia curta presentes nas amostras, incluindo uma terceira amostra de solo proveniente de área petrolífera, também foram realizadas. Os resultados mostraram que a amostra de solo de área não petrolífera apresentou maiores níveis dos gases metano, etano e propano em relação à amostra de área petrolífera, contradizendo o que já foi visto na literatura. É possível que a própria comunidade de bactérias e arqueias presentes nas amostras seja responsável pela produção de gases observada. Não foi possível detectar uma população microbiana que pudesse ser considerada como um marcador para a presença de petróleo. A comunidade microbiana da amostra de solo de área petrolífera está atualmente sendo analisada. Uma metodologia de PCR quantitativo será aplicada posteriormente para verificar se há diferenças significativas na quantificação de populações envolvidas com o metabolismo dos gases do petróleo.