25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:1171-2


Área: Microbiologia Clinica ( Divisão A )

AVALIAçãO DA INCIDêNCIA FECAL DE LISTERIA MONOCYTOGENES EM GESTANTES HIV POSITIVAS

Andrã© Victor Barbosa (Fiocruz); Cristina Barroso Hofer (IPPMG - UFRJ); Deyse Christina Vallim (Fiocruz); Ernesto Hofer (Fiocruz)

Resumo

Na década de 80, <i>Listeria monocytogenes</i> emergiu como um importante patógeno de transmissão alimentar. A listeriose acomete de preferência indivíduos com deficiências imunológicas, comprometendo principalmente o SNC (meningite) além de processos septicêmicos/bacteriêmicos com elevada taxa de letalidade. O número de indivíduos atuando como portadores fecais assintomáticos é considerável, estimado entre 1 a 15% da população em geral. Nas gestantes pode ocorrer a transmissão vertical, com comprometimento fetal, inclusive aborto. Salienta-se que em humanos aproximadamente 33% dos casos clínicos de listeriose envolvem gestantes. Em outra vertente, a infecção pelo HIV também é descrita como fator de risco, principalmente em adultos. Mesmo com o advento da terapia antiretroviral potente (HAART) a população infectada pelo HIV continua exposta ao risco de infecção por <i>L. monocytogenes</i>. Este trabalho se concentrou na pesquisa de membros do gênero <i>Listeria</i> colonizados no trato entérico de uma população de gestantes (entre 34-41 semanas) portadoras de HIV e participantes do Programa de Assistência a Gestantes HIV positivo da UFRJ (PAGHPH). Foram analisadas até o presente 69 amostras de fezes. Como esquema de isolamento recorreu-se aos meios de enriquecimento e seletivo-indicadores, incluindo o crioenriquecimento clássico. Na investigação molecular de membros do gênero <i>Listeria</i> nas fezes, foi realizada a PCR com iniciadores direcionados para o gene da subunidade ribossomal 23S e para o gene da hemolisina. Apesar da adoção de um amplo esquema bacteriológico para o isolamento, todas as amostras analisadas não evidenciaram a bactéria. Entretanto, obteve-se a amplificação do gene para a subunidade 23S do rDNAem 11 amostras fecais. Diante dos resultados obtidos sucitam-se algumas hipóteses para o problema: 1- Interferência das drogas antimicrobianas utilizadas normalmente pelas gestantes(sulfa+trimetoprim); 2- A eliminação de número discreto de células bacterianas viáveis, associado ou não ao fator de intermitência; 3- A dieta alimentar das gestantes e familiares pertencentes às classes econômicas mais baixas, impossibilitando a aquisição de produtos de origem animal, via de regra responsáveis pela veiculação de <i>Listeria</i>. Admite-se, no entanto, que a detecção de 11 amostras que revelaram amplificação do marcador do gênero <i>Listeria</i> por PCR, indica a possível circulação da bactéria no trato gastro intestinal nestas pacientes. Por outro lado, preconiza-se o recurso das técnicas moleculares na detecção do patógeno em espécimes fecais, principalmente considerando o número discreto excretado e que não possibilita a recuperação pelos cultivos clássicos. Salienta-se o apoio financeiro recebido pelo CNPq na obtenção dos insumos.


Palavras-chave:  Epidemiologia, Gestantes anti-HIV positivas, Listeria monocytogenes, Listeriose, PCR