25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:1154-1


Área: Micologia Médica ( Divisão B )

SUSCETIBILIDADE ANTIFÚNGICA DOS TIPOS MOLECULARES DE CRYPTOCOCCUS GATTII E C. NEOFORMANS FRENTE A NOVE DROGAS

Luciana Trilles (FIOCRUZ); Wieland Meyer (University of Sydney); Belkys Fernández-torres (URV); Bodo Wanke (FIOCRUZ); Josep Guarro (URV); Márcia Lazéra (FIOCRUZ)

Resumo

A criptococose, micose de caráter sistêmico, é causada por duas espécies de leveduras, Cryptococcus neoformans (Cn) e Cryptococcus gattii (Cg). Cn é cosmopolita e afeta principalmente hospedeiros imunodeprimidos. Cg é a principal causa de meningite e pneumonia fúngica em hospedeiros imunocompetentes. No Brasil, observa-se elevada letalidade, entre 40 e 60%, relacionada a lesão de sistema nervoso central por estes agentes. As técnicas PCR-fingerprinting, RFLP (genes URA5 e PLB1) e AFLP têm sido utilizadas para determinar os principais tipos moleculares  VNI, VNII, VNIII, VNIV (Cn) e VGI, VGII, VGIII e VGIV (Cg). O tipo molecular VNI predomina no mundo como fungo oportunista, associado a aids, sendo o tipo mais virulento da espécie Cn, Por outro lado, VGI é o tipo molecular de Cg mais comum no mundo, enquanto que VGII parece ser o mais virulento, sendo o agente da única epidemia de criptococose em humanos e animais já relatada, ainda em curso no Canadá. No Brasil, o VGII é endêmico nas regiões N e NE, causando meningite predominantemente em crianças, jovens e adultos imunocompetentes, é de difícil tratamento e sujeito a recaídas. Para correlacionar sensibilidade in vitro e tipos moleculares, foram analisados dados de Concentração Inibitória Mínima (CIM) de 67 isolados brasileiros representando os tipos moleculares mais comuns de Cn (VNI) e Cg (VGI e VGII), frente a nove drogas antifúngicas (protocolo M27-A2/CLSI). Nossos resultados demonstram que o tipo molecular VGII (Cg) é menos suscetível do que VGI (Cg) frente a fluconazol (P<0,05), e menos suscetível do que o VNI (Cn) frente a fluconazol, itraconazol, cetoconazol, ravuconazol, voriconazol e albaconazol (P<0,05). Considerando a Concentração Mínima Fungicida, VGII foi menos suscetível do que VGI (P<0,05) frente a anfotericina B. Tais resultados sugerem que a diferença de suscetibilidade observada entre as duas espécies C. neoformans e C. gattii em trabalhos anteriores está relacionada ao tipo molecular VGII e não à espécie, já que não foi observada diferença de suscetibilidade entre VGI (Cg) e VNI (Cn). 


Palavras-chave:  Cryptococcus gattii, Tipos moleculares, Suscetibilidade antifúngica, Cryptococcus neoformans