DIVERSIDADE MICROBIANA DO SOLO CONTAMINADO COM PESTICIDA

Selma Batista (UFMT); Edna Hardoim (UFMT); Leda Medonça-hagler (UFMT)

Muitos poluentes químicos sintéticos como os pesticidas com maior ou menor rapidez podem ser transportados dentro do próprio solo ou para fora deste ecossistema. Esses agroquímicos têm sido considerados, em sua maioria, como potencialmente tóxicos ao ser humano, aos demais mamíferos, invertebrados e ao meio ambiente, podendo alcançar os ambientes aquáticos, prejudicando a biota. A microbiota do solo é a principal responsável pela decomposição dos resíduos orgânicos, pela ciclagem de nutrientes e pelo fluxo de energia dentro do solo, exercendo influência tanto na transformação da matéria orgânica, quanto na estocagem do carbono e nutrientes minerais. A maior diversidade do solo parece ser o grupo bacteriano, porém a maioria permanece desconhecida visto que as técnicas tradicionais de plaqueamento em meio de cultivo disponíveis permitem cultivar somente uma pequena percentagem de microrganismos, e/ou determinadas comunidades para estudos mais detalhados. Assim sendo, o objetivo desse trabalho é a utilização de técnicas de microbiologia convencional e de biologia molecular para avaliar os efeitos dos pesticidas endossulfan e diuron na estrutura das comunidades microbianas do solo sob manejo agrícola. Foram coletadas amostras de solo logo abaixo da serrapilheira, na camada superficial, a uma profundidade de 0- 10 cm, em pontos esparsos de trincheiras, na fazenda Pirassunuga, localizada no município de Campo Verde-MT, á 195 Km de Cuiabá. As amostras foram acomodadas em pequenos sacos esterelizados impermeáveis e estocadas à 4ºC até o processamento em laboratório. As análises físico-químicas determinadas nas amostras de solo foram: percentual de areia, silte e argila, testes expedita de granulometria, nutrientes (Al, Ca+Mg, Ca, Mg, P, K, matéria orgânica) e pH. O isolamento dos microrganismos foi feito através da diluição seriada e plaqueamento e a partir das culturas puras realizou-se a coloração de Gram e contagem por UFC/g. A quantificação das atividades celulolíticas, proteolíticas e fosfatasses também foram realizadas. A extração de DNA total e PCR foram utilizadas para análise molecular, utilizando a técnica de DGGE. Foram isolados 250 microrganismos que apresentaram colônias morfologicamente diferentes. Sendo 144 bactérias, 106 fungos e 10 caracterizados como leveduras. Das 144 bactérias isoladas, 80,2 % são Gram positivos e 19,8% são Gram negativos, divididos entre bacilos e cocos. Do total de microrganismos isolados, 54% apresentaram atividade proteolítica, e 14% atividade fosfatasse. Os parâmetros físicos mostraram que a classe textural do solo é argila siltosa e possui 20,5% de matéria orgânica.