SELEÇÃO DE MICRORGANISMOS PARA REMEDIAÇÃO DE RESÍDUO DE INDÚSTRIA PETROQUÍMICA

Marcia Rodrigues Sandri Sandri (UFRGS); Marilene Henning Vainstein Vainstein (UFRGS); Sydnei Mitidieri da Silveira (Bioplus)

A indústria de rerrefino de óleo lubrificante produz grande quantidade de resíduos perigosos, entre efluente líquido, borra e torta de filtros. Estes resíduos contém hidrocarbonetos que necessitam ser tratados, e representam aproximadamente 30% do volume total de óleo usado coletado. Hidrocarbonetos são compostos de difícil degradação no ambiente, entretanto existem microrganismos que possuem a capacidade de utilizá-los como fonte de carbono, tranformando-os em compostos mais simples, que são utilizados por outros microrganismos, até a completa mineralização. Além da capacidade de degradação de hidrocarbonetos, é importante também a capacidade de produção de biosurfactantes, pois são estas moléculas que tornam os hidrocarbonetos da fase oleosa disponíveis para serem degradados pela microbiota. Neste contexto, este trabalho busca selecionar microrganismos para compor um consórcio que atue na remediação de resíduo de indústria petroquímica. Os microrganismos foram selecionados com base nas suas capacidades de produção de biosurfactantes utilizando três parâmetros: no teste rápido em microplaca, avaliou-se a diminuição da tensão superficial, no teste em proveta, avaliou-se a formação de emulsão água em óleo e também de emulsão óleo em água. Foram testados 43 isolados provenientes de invertebrados marinhos, do efluente, e de coleções de culturas. Os microrganismos que produziram algum tipo de biosurfactante foram cultivados em efluente de indústria de rerrefino de óleo lubrificante. Bacillus macerans foi o mais eficiente em reduzir a tensão superficial do meio, pelo método da microplaca, e um dos mais eficientes em emulsionar óleo em água pela leitura de absorbância da fase aquosa do teste em proveta. Bacillus coagulans foi o mais eficiente em emulsionar água em óleo, formando emulsão de 26,7% com óleo lubrificante em proveta. Dentre os 34 isolados que produziram biosurfactantes, 17 foram capazes de se multiplicar usando como fonte de nutrientes o efluente líquido. No entanto, os microrganismos que mais produziram biosurfactantes não foram necessariamente os mais eficientes na degradação do efluente. A capacidade de degradação dos hidrocarbonetos presentes no efluente será avaliada por cromatografia gasosa. A partir destes dados serão formados consórcios para serem aplicados em novos testes de biorremediação.