25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:1031-1


Área: Microbiologia Clinica ( Divisão A )

CARACTERIZAÇÃO MOLECULAR DE AMOSTRAS DE NEISSERIA GONORRHOEAE RESISTENTES À CIPROFLOXACINA: PRIMEIRO RELATO NO BRASIL.

Aline Almeida Uehara (IMPPG/UFRJ); Márcia Giambiagi de Marval (IMPPG/UFRJ); Ivano Raphaeli Filippis (INCQS/FIOCRUZ); Maysa Mandetta Clementino (INCQS/FIOCRUZ); Maria de Fátima Ferreira (LSF); Efigênia L. T. Amorin (LSF); Sergio Eduardo Longo Fracalanzza (IMPPG/UFRJ)

Resumo

A emergência de resistência aos antimicrobianos, inclusive às quinolonas, em N. gonorrhoeae, tem gerado grande preocupação às autoridades da saúde pública em todo o mundo. A resistência às quinolonas (NGRQ) é devido à mutações nos genes gyrA e parC, que codificam as enzimas DNA girase e DNA topoisomerase, respectivamente. Este trabalho teve como objetivo avaliar, por métodos fenotípicos e moleculares, a susceptibilidade aos antimicrobianos de amostras de N. gonorrhoeae isoladas de pacientes na cidade do Rio de Janeiro. Oitenta e quatro amostras obtidas de diferentes materiais clínicos foram avaliadas frente aos antibióticos penicilina (Pen), tetraciclina (Tet), ciprofloxacina (Cip) e ceftriaxona (Cef) pelos métodos de diluição em ágar e disco difusão. Onze (13,1%) amostras foram PnR e 34 (40,5%) foram  TetR. Todas as amostras foram sensíveis à Cef. Seis amostras b-lactamase+ apresentaram plasmídio de resistência tipo Toronto/Rio (NGPP), enquanto 21 amostras TetR, com CMI≥16µg/ml (NGRPT), apresentavam  determinante tetM do tipo Dutch (20 amostras) e  uma do tipo American. Oito (9,5%) amostras foram CipR, com CMI≥3µg/ml e uma apresentou R.I (CMI=0,5µg/ml). Das 9 NGRQ analisadas, 2 tinham ainda fenótipo de resistência NGPP, uma NGRPT e  uma NGPP/NGRPT. As mutações nos genes gyrA e parC das amostras NGRQ foram analisadas por seqüenciamento que revelou um padrão predominante, em 7 amostras, com dupla mutação nos códons 91(Ser-91 para  Phe) e 95 (Asp-95 para  Gly) em gyrA e  uma  no códon 87 (Ser-87 para  Arg) em parC. Estas amostras exibiram resistência à níveis elevados de ciprofloxacina (8≤CMI≥32 µg/ml). Duas amostras apresentaram um padrão diferente de mutação no códon 95(Asp-95 to Ala) sendo que uma delas, com CMI=3µg/ml, teve 2 mutações em parC [códons 87 (Ser-87 para Asn) e 91 (Glu-91 para Gln)] e a outra com sensibilidade diminuída à Cip teve uma mutação em parC [códon 97(Ser-87 para Arg)]. Este é o primeiro relato da detecção das mutações em gyrA e parC em amostras de N. gonorrhoeae resistentes às quinolonas no Rio de Janeiro. Sendo a Cip o antibiótico de escolha preconizado pelo Ministério da Saúde para o tratamento das gonococcias, nossos resultados ressaltam a importância de um monitoramento sistemático da susceptibilidade dos gonococos aos antimicrobianos de forma a orientar a terapêutica desses quadros no Brasil.

(Apoio MS/CNPq e Pronex).


Palavras-chave:  Neisseria gonorrhoeae, susceptibilidade aos antimicrobianos, resistência a ciprofloxacina, análise molecular