OCORRÊNCIA DE FUNGOS FILAMENTOSOS NO LIXO PRODUZIDO POR FORMIGAS CORTADEIRAS (HYMENOPTERA: FORMICIDAE)

Sandra Verza da Silva (UNESP); André Rodrigues (UNESP); Mara Legaspe (UNESP); Amanda Carlos (UNESP); Itamar Reis (UNESP); Odair Bueno (UNESP); Fernando Pagnocca (UNESP)

O lixo produzido nos ninhos de formigas cortadeiras é formado pelo material vegetal já exaurido pelo fungo simbionte, solo escavado, folhas secas, prole e adultos mortos. Estes detritos são ricos em matéria orgânica, e atraem uma grande variedade de macro e microrganismos que aí se estabelecem e os utilizam como uma alternativa alimentar. Estes microrganismos sendo específicos ou não desses insetos, podem ser nocivos ao desenvolvimento da colônia ou até mesmo capazes de causar a sua morte. Utilizando a formiga cortadeira Atta sexdens rubropilosa como modelo, o presente estudo, analisou a microbiota de fungos filamentosos, que ocorrem no lixo recém depositado (novo) e no refugo exposto por um período de tempo às condições abióticas do ambiente externo (velho). As amostras de materiais novo e velho foram coletadas dos lixos de dois ninhos de A. sexdens rubropilosa e suspendidas em solução de 0,2% de peptona e 0,05% de Tween 80. Após diluição em série, alíquotas de 150μL foram inoculadas em meio de cultura ágar malte 2%, suplementado com 50 mg/L de penicilina-G e sulfato de estreptomicina. As placas foram incubadas a 25 ºC, no escuro, durante 7 dias. Após esse período, os fungos filamentosos, foram selecionados, quantificados e transferidos para uma nova placa de MA 2%. Os fungos foram identificados utilizando critérios morfológicos com o auxílio de um microscópio estereoscópio (para observação de caracteres da colônia) e microscopia ótica (micromorfologia). Foram recuperados 56 isolados, sendo que identificações preliminares revelaram que os fungos dos gêneros Aspergillus (42,31%), Cladosporium (15,38%) e Penicillium (30,77%) foram os de maior prevalência. Uma espécie não identificada de Cladosporium sp. 4 ocorreu tanto no lixo recém-depositado quanto no lixo exposto às condições abióticas, do ninho 2. Enquanto Aspergillus cf. versicolor e Aspergillus sp. 4 ocorreram nos dois ninhos, porém apenas no lixo novo, assim como a maioria dos demais fungos presentes nas colônias. Por outro lado, no ninho 1 os fungos Penicillium funiculosum e Penicillium sp. 1 ocorreram somente após o lixo ter envelhecido e sofrido intempéries, da mesma forma, no ninho 2 o Cladosporium sp. 1 apareceu apenas no lixo velho. Os resultados desse estudo sugerem que existe uma sucessão de fungos durante o envelhecimento do lixo, de maneira que alguns fungos presentes no lixo recém depositado não são mais encontrados quando o refugo envelhece, enquanto que outros, ao contrário, somente são encontrados quando o lixo já está num estágio avançado de decomposição.