25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:872-1


Área: Microbiologia Clinica ( Divisão A )

EMERGÊNCIA DE VARIANTES MULTIRRESISTENTES DA LINHAGEM ST1-SCCMECIV DE CA-MRSA EM DOIS HOSPITAIS DO RIO DE JANEIRO.

Maria Cícera da Silva-carvalho (UFRJ); Raquel Souza Cruz (UFRJ); Lia Cristina Galvão dos Santos (HGB); Simone Moreira (UFRJ); Magda de Souza Conceição (HGB); Silvio José de Mello Junior (UFF); Jupira Miron Carballido (UFF); Priscila Nobrega Rito (UFF); Verônica Viana Vieira (FIOCRUZ); Lenise Arneiro Teixeira (UFF); Agnes Marie Sá Figueiredo (UFRJ)

Resumo

Na metade da década de 1980, surtos nosocomiais causados pelos Staphylococcus aureus resistentes à meticilina (MRSA) começaram a ser relatados em diferentes países. No Brasil, a linhagem ST239-SCCmecIIIA de MRSA (Clone Epidêmico Brasileiro - CEB) vem predominando em diferentes hospitais. Em 2005, foi relatada a emergência, neste país, de amostras de MRSA associadas a infecções comunitárias (CA-MRSA), relacionadas ao clone Oceania Southwest Pacific-OSP (ST30-SCCmecIV). Esse microrganismo foi a principal causa de infecções em pele/tecidos moles e artrite séptica em pacientes da comunidade de Porto Alegre, RS, que não apresentavam fatores clássicos de risco para infecções por MRSA.  Amostras de CA-MRSA estão hoje invadindo os ambientes nosocomiais contribuindo para o aumento da morbidade, mortalidade e custos hospitalares. Deste modo, o principal foco deste estudo foi analisar a epidemiologia molecular de uma coleção de 150 amostras de MRSA obtida de dois hospitais, localizados no Rio de Janeiro, a fim de rastrearmos a entrada de novos clones nesta cidade. As bactérias foram genotipadas utilizando uma combinação de métodos moleculares incluindo SCCmec, teste de restrição e modificação (RM test) e detecção da leucocidina de Panton-Valentine (PVL). Utilizamos ainda a eletroforese em gel sob campos elétricos alternados (PFGE) e a tipagem de multilocus enzimáticos (MLST), para representantes das linhagens detectadas.  O teste de susceptibilidade (antibiograma) foi realizado de acordo com o CLSI. Nossos dados revelaram que os MRSA apresentando SCCmecIV (104 amostras; 69%) estão sobrepujando o CEB (40 amostras; 37.5%), nesses dois hospitais. Dentre as SCCmecIV,  a linhagem predominante foi a ST1-SCCmecIV (67 amostras; 45%), não produtora de PVL, relacionada aos clones USA400/MW2/WA-1. Mais importante ainda, nossos dados revelaram uma recente aquisição de múltiplos genes de resistência a antimicrobianos por essas amostras. Uma taxa de 56% apresentaram resistência a três ou mais antibióticos não β-lactâmicos. Concluindo, amostras típicas de CA-MRSA estão invadindo nossos hospitais (pelo menos dois no Rio de Janeiro) causando infecções graves. A possibilidade dessas amostras multirresistentes retornarem à comunidade infectando pacientes sem risco deve ser cuidadosamente avaliada.


Palavras-chave:  CA-MRSA, Emergência, Hospital, multirresistência