25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:868-2


Área: Microbiologia Clinica ( Divisão A )

PREVALÊNCIA DE CHLAMYDIA TRACHOMATIS, ISOLADA OU EM CO-INFECÇÃO COM O HPV, E SUA RELAÇÃO COM ALTERAÇÕES CERVICAIS 

Bruno Tardelli Diniz Nunes (UFRN); Alline Pierre dos Santos Medeiros (UFRN); Juliana Soares Bernardino (UFRN); Valeska Santana de Sena Pereira (UFRN); Diego Breno Soares de Lima (UFRN); Ermeton Duarte do Nascimento (UFRN); Maria Gorete Freire de Carvalho (UnP); Paulo Roberto Medeiros de Azevedo (UFRN); José Veríssimo Fernades (UFRN)

Resumo

Introdução

Chlamydia trachomatis é uma bactéria intracelular obrigatória transmitida sexualmente. Está normalmente associada à uretrite não-gonocóccica e eventualmente à doença inflamatória pélvica da mulher. Alguns estudos mostram que a associação entre C. trachomatis e o Vírus do Papiloma Humano (HPV) parece favorecer a persistência viral, aumentando, assim, o risco de câncer cervical. Entretanto, a significância da co-infecção por esses dois patógenos ainda precisa ser esclarecida. Este estudo tem como objetivo analisar a infecção por C. trachomatis isoladamente ou em associação com HPV, e sua relação com alterações cervicais.

Métodos

Foram estudadas 744 mulheres com idades entre 14-76 anos, residentes no município de São José do Mipibu/RN. De cada participante foram coletadas duas amostras cervicais, uma delas utilizada na preparação de lâmina para análise citológica pelo método de Papanocolaou e outra processada para extração do DNA por meio de um protocolo rápido de extração de DNA de mamífero utilizando Proteinase K e posterior análise molecular para detecção do HPV e de C. trachomatis. A qualidade do DNA obtido foi testado pela amplificação por PCR de um segmento de 110 pb do gene da β-Globina humana, com a utilização dos primers PCO3+ e PCO4+. Na mesma reação foram incluídos os primers CP24/CP27 que permitem a amplificação de um segmento de DNA plasmidial de 207pb de C. trachomatis. Depois disso, o DNA de todas as amostras foi analisado por PCR para detecção do DNA viral, com a utilização de um par de primers genéricos (GP5+/GP6+) que permitem a amplificação de um segmento de 140 pb do gene L1 de um amplo espectro de HPV genitais. Os produtos de PCR foram então submetidos à eletroforese em gel de poliacrilamida 8%, corado pela prata, para visualização das bandas correspondentes.

Resultados

A análise citológica mostrou que 92,5% das mulheres apresentaram citologia normal ou tinham apenas alterações benignas (AB), 3,8% tinham alterações classificadas como atipia de células escamosas de significado indeterminado (ASC-US) e 3,8% tinham lesões escamosas intra-epiteliais de baixo grau (LSIL). A prevalência geral da infecção por C. trachomatis foi de 5,2%, sendo 92,3% em mulheres com AB, 2,6% com ASC-US e 5,1% com LSIL. A prevalência geral da co-infecção HPV/C.trachomatis foi de 2,1%. A presença de tanto o DNA viral como o DNA bacteriano foi detectada em 2,0% das mulheres com AB e 7,1% naquelas com LSIL.

Conclusão

A prevalência da infecção por C. trachomatis isolada ou associada ao HPV foi maior em mulheres com AB. Não foi detectado a presença de C. trachomatis em mulheres com ASC-US. Nós não observamos associação entre a infecção por C. trachomatis isolada ou em associação com HPV e a ocorrência de lesões cervicais.


Palavras-chave:  Cancer Cervical, C. trachomatis, DST, HPV, Papanicolaou