25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:818-2


Área: Microbiologia Clinica ( Divisão A )

PREVALÊNCIA E MONITORAMENTO DA RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS DE CEPAS DO COMPLEXO BURKHOLDERIA CEPACIA ISOLADAS DE PACIENTES COM FIBROSE CÍSTICA

Priscila Dentini (UNICAMP); Eliane Picoli Alves Bensi (UNICAMP); José Dirceu Ribeiro (UNICAMP); Carloa Emílio Levy (UNICAMP)

Resumo

Introdução: A Fibrose Cística (FC) é uma exocrinopatia hereditária e letal, caracterizada pelo defeito no transporte iônico através da membrana celular nas células epiteliais das vias aéreas, pâncreas, glândulas salivares, sudoríparas, intestino e aparelho reprodutor, resultando em secreções mucosas muito espessas e viscosas, que causam obstrução ao nível de ductos e canalículos glandulares, desencadeando um processo inflamatório crônico que predispõe à instalação de agentes infecciosos nas vias aéreas como: H. influenzae, S. aureus, P. aeruginosa, S. maltophilia, A. xylosoxidans, Complexo Burkholderia cepacia (Cbc) e outros. Com a evolução da doença, ocorre a seleção de microrganismos cada vez mais resistentes. O acometimento pulmonar é progressivo, levando à fibrose, sepse e falência respiratória. Microrganismos do Cbc são tipicamente resistentes (>90%) aos aminoglicosídeos, fluorquinolonas, colistina, Polimixina B, imipenem e cefalosporinas. Da mesma forma como ocorre com cepas mucóides de P.  aeruginosa, microrganismos do Cbc são quase impossíveis de ser erradicados das vias aéreas destes pacientes através de antibioticoterapia.

 

Objetivo: O estudo foi realizado para verificar a prevalência de microrganismos do Cbc e avaliar o perfil de sensibilidade aos antimicrobianos de cepas isoladas de pacientes com FC atendidos no ambulatório de Pediatria do HC/UNICAMP – Campinas/SP, no período de 01/01/2005 a 31/05/2009.

 

Material e Métodos: Foram coletadas 2245 amostras de escarro e secreção de orofaringe de 283 pacientes, cultivadas em Ágar Sangue, Ágar Chocolate, Ágar MacConkey, Ágar Manitol e em BCSA (Burkholderia cepacia selective Agar). A identificação foi realizada por métodos bioquímicos convencionais e pelo VitekÒ2 Compact. Os antibiogramas foram realizados por disco-difusão, em meio Müller Hinton. Foram testados: Ceftazidima, Meropenem, Minociclina e Sulfametoxazol+Trimetoprim, de acordo com a padronização do CLSI.

 

Resultados e conclusão: Entre as amostras analisadas, 11,3% dos pacientes tiveram amostras positivas para Cbc, com prevalência de 4,03% amostras positivas/paciente, sendo que 28% deles tiveram mais do que 50% de todas as amostras coletadas positivas para Cbc, com exacerbações de sintomas, caracterizando infecção crônica pelo microrganismo. Entre as cepas de Cbc isoladas, Apenas 38,06% mostraram-se sensíveis à todos os antimicrobianos testados, 54,48% mostraram-se resistentes ao Sulfametoxazol-Trimetropim, que é geralmente a droga de escolha para o tratamento. Observa-se que, com a evolução da doença, os pacientes tendem a ser colonizados/infectados por microrganismos multiresistentes, como é o caso do Cbc. Os resultados desta casuística estão muito acima dos dados apresentados na literatura, onde a freqüência de isolamento é de cerca de 3 – 8%. A resistência ao Sulfametoxazol+Trimetropim, em mais de 50% das cepas, mostra que sobram cada vez menos alternativas de tratamento.


Palavras-chave:  Complexo Burkholderia cepacia, Fibrose Cística, Prevalência, Testes de sensibilidade