25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:806-1


Área: Microbiologia Clinica ( Divisão A )

EFEITO DOSE-RESPOSTA DA CLOREXIDINA SOBRE O BIOFILME DE S. MUTANS E A DESMINERALIZAÇÃO DO ESMALTE DENTAL

Vanessa Salvadego de Queiroz (FCM / UNICAMP); Renzo Alberto Ccahuana-vásquez (FOP / UNICAMP); Alcides Fabiano Tedesco (São Leopoldo Mandic); Luzia Lyra (FCM / UNICAMP); Jaime Aparecido Cury (FOP / UNICAMP); Angélica Zaninelli Schreiber (FCM / UNICAMP)

Resumo

Cárie dental é uma doença biofilme-açúcar dependente e S. mutans é considerado um dos microrganismos mais cariogênicos, pois além de ser acidogênico e acidúrico, quando da exposição aos carboidratos da dieta, converte sacarose em polissacarídeos extracelulares, que tornam o biofilme dental ainda mais cariogênico. Clorexidina (CHX) é reconhecida como o principal agente antimicrobiano no controle do biofilme dental, sendo usada como "gold standard" nas avaliações de substâncias antiplaca. A Concentração Inibitória Mínima (CIM) de CHX sobre os S. mutans é de 1 mg/ml e a concentração de 0,12 % (1200 mg/ml), na forma de enxaguatório bucal, é a mais utilizada clinicamente, porém seu efeito sobre o biofilme dental tem sido motivo de pesquisa. O objetivo deste trabalho foi avaliar in vitro o efeito de CHX sobre o biofilme de S. mutans UA159, os quais foram formados durante 120 h sobre blocos de esmalte dental bovino, a 37° C e 10 % CO2. Os blocos ficaram suspensos verticalmente em placas de cultura celular em meio de cultura ultrapurificado (LMW) contendo 0,1 mM de glicose. Foram avaliados 6 grupos (n=4), sendo 2 controles (48 e 120 h de formação de biofilme) e 4 experimentais (CHX a 1, 10, 120 e 1200 mg/ml). A partir de 24 h os biofilmes foram expostos 8x/dia, por 1 min a sacarose 10 %. Após 48 h, um grupo controle foi coletado e os grupos experimentais foram tratados 2x/dia, por 1 min com as respectivas concentrações de CHX. Os meios foram trocados a cada 24 h, sendo o pH determinado como indicador da acidogenicidade do biofilme. Completadas 120 h, os biofilmes foram coletados e foi determinada a biomassa (UFC; peso seco; UFC/mg de peso seco). A desmineralização do esmalte foi avaliada pela % de perda de dureza de superfície (%PDS) e pela quantidade total de Ca encontrada no meio de cultura. Os resultados demonstraram que o grupo CHX 1200 mg/ml apresentou menores valores de UFC/mg de peso seco quando comparado aos demais grupos. O grupo controle 120 h demonstrou maior desmineralização do esmalte quando comparado com o grupo CHX 1200 mg/ml. Os valores de pH do grupo CHX 1200 mg/ml foram maiores que os do grupo CHX 120 mg/ml e ambos foram maiores que os demais grupos (ANOVA e Tukey, p<0,05). Os resultados sugerem que a concentração de CHX capaz de inibir a formação de biofilme de S. mutans é 1000 vezes maior que a CIM contra esse microrganismo em estado planctônico. (Apoio CAPES).


Palavras-chave:  Biofilme Dental, Clorexidina, Desmineralização Dental, Esmalte Dental, S. mutans