25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:756-1


Área: Patogenicidade Microbiana ( Divisão D )

BACTÉRIA MARINHA PRODUZ METABÓLITO CAPAZ DE IMPEDIR A FORMAÇÃO DE BIOFILME DE STAPHYLOCOCCUS EPIDERMIDIS

Danielle Trentin (UFRGS); Daniela Gorziza (UFRGS); Ana Lucia Antunes (UFRGS); Wolf-rainer Abraham (HZI); Alexandre José Macedo (UFRGS)

Resumo

 

A adesão bacteriana a biomateriais implantados e a subseqüente formação de biofilmes é uma das maiores causas de infecções hospitalares. Uma vez estabelecido o biofilme, as opções terapêuticas tornam-se limitadas devido à difícil perfusão dos antibióticos e ao estado de latência de algumas células que permanecem como um foco de re-infecção. Para formar e manter esta organização, os microrganismos coordenam, através de moléculas sinalizadoras, um sistema de comunicação intercelular conhecido como Quorum sensing (QS). Como o QS não está diretamente envolvido com o crescimento bacteriano, sua modulação não impõe uma pressão seletiva para o desenvolvimento de resistência, assim como os antimicrobianos. Uma variedade de compostos capazes de modular o sistema QS tem sido encontrada no ambiente marinho. Este estudo visa obter alternativas não-antibióticas para combater a formação de biofilmes através de compostos anti-QS. A atividade antibiofilme de metabólitos produzidos por bactérias associadas a esponjas marinhas foi avaliada segundo o método cristal violeta, utilizando S. epidermidis ATCC 35984 como bactéria modelo na produção de biofilme patogênico. O extrato produzido pela bactéria Gram negativa 224 associada à esponja Darwinella sp é capaz de impedir a formação de biofilme em até 90.16 ± 8.93 %  sem apresentar efeito antibiótico. Imagens de MEV confirmam este resultado e mostram a ausência de matriz protetora nos biofilmes tratados, indicando que o extrato atua impedindo a produção da matriz. Frente a treze S. epidermidis isolados de cateter venoso central em 2008 no Hospital de Clínicas de Porto Alegre, dez amostras apresentaram redução na formação de biofilme (Teste t, p<0.05). De maneira geral pode-se dizer que o extrato mostra-se mais ativo nos isolados suscetíveis a clindamicina, eritromicina e gentamicina e que não há relação entre a atividade e a habilidade dos isolados em formar biofilmes. Os resultados apontam para um composto com interessante atividade antiformação de biofilme de S. epidermidis, com importância para o potencial recobrimento de superfícies de implantes médico-hospitalares contribuindo na prevenção de infecções hospitalares.

 

             Apoio financeiro: CAPES e  CNPq


Palavras-chave:  Staphylococcus epidermidis, biofilmes microbianos, quorum sensing, produtos naturais marinhos, Darwinella sp