25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:687-1


Área: Microbiologia Veterinária ( Divisão G )

GENOTIPIFICAÇÃO DE CLOSTRIDIUM PERFRINGENS E DETECÇÃO DAS TOXINAS A/B DE CLOSTRIDIUM DIFFICILE DE LEITÕES COM E SEM DIARRÉIA

Felipe Masiero Salvarani (EV-UFMG); Eduardo Coulaud da Costa Cruz Júnior (EV-UFMG); Rodrigo Otávio Silveira Silva (EV-UFMG); Prhiscylla Sadanã Pires (EV-UFMG); Isabella Silva Albefaro (EV-UFMG); Roberto Maurício de Carvalho Guedes (EV-UFMG); Francisco Carlos Faria Lobato (EV-UFMG)

Resumo

A diarréia é o principal sinal clínico observado em leitões neonatos em consequência das doenças entéricas. Uma mudança no perfil dos agentes causadores de diarréia neonatal vem sendo observada e Isospora suis, rotavírus, Escherichia coli enterotoxigênica e Clostridium perfringens tipo C, que eram diagnosticados como os principais agentes envolvidos nessas diarréias, atualmente apresentam menor importância, dando lugar a organismos emergentes como é o caso do C. difficile e C. perfringens tipo A. Diante da escassez de dados na literatura nacional sobre a incidência dos clostrídios nesta fase de produção, o presente estudo objetivou a genotipificação de C. perfringens por meio da técnica da PCR Multiplex e a detecção qualitativa das toxinas A/B de C. difficile por ELISA, a partir das fezes de leitões com e sem diarréia, com até sete dias de vida, de 15 granjas comerciais acima de 500 matrizes, localizadas na região do Triângulo Mineiro, Minas Gerais, Brasil. Foram coletadas 60 amostras fecais, sendo 30 de animais com quadro clínico de diarréia e 30 de animais aparentemente sadios. Para o isolamento, as fezes foram semeadas em agar SPS, específico para o crescimento de C. perfringens, e incubadas em atmosfera de anaerobiose a 37°C por 24 horas. Já na detecção das toxinas A/B de C. difficile o ELISA foi realizado de acordo com o proposto pelo fabricante. Os resultados da PCR Multiplex demonstraram que 38 (63,33%) das 60 amostras processadas foram genotipificadas como do tipo A, sendo que 26 dessas eram positivas para a presença do gene cpb-2, que codifica a produção da toxina beta-2, considerada a principal responsável pela ocorrência de diarréia causada por C. perfringens tipo A em leitões. Destes 26 animais, apenas 10 apresentavam quadro clínico de diarréia. Em 11 granjas ocorreu o isolamento de C. perfringens tipo A, beta-2 positivo, associado ou não com quadros diarréicos. O resultado do ELISA demonstrou que das 60 amostras testadas, 10 (16,66%) foram positivas para presença das toxinas. Associando com os dados de necropsia, temos que 13 animais dos 60 coletados apresentavam edema de mesocólon, sendo que seis desses foram positivos no ELISA. Além disso, dos 10 animais em que se detectou a presença das toxinas, sete eram diarréicos. A detecção das toxinas ou achados de necropsia sugestivos de infecção por C. difficile em animais não diarréicos sugere uma infecção subclínica, sendo necessária a realização de histopatologia para confirmação do diagnóstico. Portanto esses resultados demonstram a relevância destes microrganismos como potenciais agentes causadores de diarréia em leitões neonatos, sendo importante o diagnóstico diferencial dos principais enteropatógenos, para que se possa fazer a decisão correta na escolha da estratégia terapêutica a ser utilizada para o controle da diarréia na maternidade.

Agradecemos ao CNPq, a FAPEMIG e a FEPMVZ pelo auxílio financeiro e a empresa Integrall pelo auxílio na coleta das amostras.


Palavras-chave:  Clostridium difficile, Clostridium perfringens tipo A, Clostridium perfringens tipo C, diarréia neonatal, suíno