ESPÉCIES DO GÊNERO SCYTONEMA (NOSTOCALES, CYANOBACTERIA) DE AMBIENTES AEROFÍTICOS DA MATA ATLÂNTICA PAULISTA

Carmelia Maria Silva (UNESP IBILCE); Luis Henrique Zanini Branco (UNESP IBILCE)

Cianobactérias são classificadas de acordo com sua morfologia, mas, devido à grande variabilidade, dados ecológicos e moleculares têm sido incorporados ao cenário moderno da taxonomia. Os organismos pertencentes às Nostocales, comumente encontrados em ambientes aerofíticos, são os mais complexos entre as cianobactérias, mas com nível de conhecimento taxonômico ainda insuficiente. Este trabalho tem como objetivo aprofundar os estudos taxonômicos do gênero Scytonema, detalhando as variações morfológicas e também a ecologia das populações. As amostras foram coletadas na litoral norte do estado de São Paulo, na região de Mata Atlântica. Esse ambiente reúne condições ambientais para o crescimento aerofítico, como níveis intermediários a altos de irradiância e temperaturas, alta umidade e diferentes tipos de substratos disponíveis. Crescimentos visíveis foram coletados com o auxílio de canivete e mantidos secos em sacos de papel. Massas mucilaginosas foram matidas em solução de glutaraldeído (2%), para fixação e preservação. Os crescimentos foram descritos segundo a forma e coloração e substrato ocupado, além da anotação de posição global, pH, temperatura e umidade da massa e irradiância absoluta e relativa. Em laboratório, as massas foram observadas sob microscópio estereoscópio após serem hidratadas com água destilada, para a caracterização detalhada. Pequenas quantidades das amostras foram utilizadas para observação das características taxonômicas de interesse. Para cada característica foram feitas no mínimo 30 observações. As espécies foram identificadas baseadas principalmente na literatura tradicional de cianobactérias e artigos publicados. O estudo das amostras revelou a ocorrência de 15 espécies: Scytonema burmanicum, S. coatile, S. fritschii, S. cf. guyanense, S, hofmanii, S. javanicum, S. millei, S. cf. mirabile, S. myochrous, S. pseudopunctatum, S. punctatum, S. stuposum, S. varium, S. sp.1, S. sp.2. A riquesa de espécies evidencia a adaptação desse gênero as condições de ambientes aerofíticos. As populações que não identificadas a nível de espécie diferenciaram-se por características morfológicas ou ecológicas. Os dados indicam a necessidade da realização de estudos mais detalhados para uma avaliação mais robusta da identidade de algumas populações, incluindo-se estudos moleculares.