25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:585-2


Área: Microbiologia Clinica ( Divisão A )

INFLUÊNCIA DE DIFERENTES CONDIÇÕES EXPERIMENTAIS NOS VALORES DE CONCENTRAÇÃO INIBITÓRIA MÍNIMA DE ANTIFÚNGICOS E EM VARIAÇÕES DIMÓRFICAS OBSERVADAS EM PARACOCCIDIOIDES BRASILIENSIS

Rosana de Carvalho Cruz (UFMG); Silvia Maria Cordeiro Werneck (UFMG); Carolina Santos Oliveira (UFMG); Daniel Assis Santos (USP); Betânia Maria Soares (UFMG); Patrícia Silva Cisalpino (UFMG)

Resumo

Paracoccidioides brasiliensis, agente etiológico da paracoccidiodomicose, geralmente apresenta baixos valores de concentração inibitória mínima (CIM) em ensaios “in vitro” para antifúngicos, havendo indicações de resistência a sulfamídicos e azólicos. Em ensaios de determinação da CIM por microdiluição (CLSI M27A-2), em meio RPMI, empregando-se sulfamídicos, azólicos e poliênicos, observou-se, em 17 de 21 isolados fúngicos, a transição de levedura para micélio, a 35-37°C, independente da presença de antifúngicos. Sendo a fase leveduriforme do fungo a sua forma parasitária, esta variação fenotípica poderia comprometer a credibilidade de testes de susceptibilidade a antifúngicos. O objetivo do trabalho foi avaliar a influência de diferentes condições experimentais sobre os valores de CIM e as variações dimórficas de P. brasiliensis. Empregou-se o meio Mueller Hinton modificado (MHM, 1% glicose, 0,5% sulfato de amônio, 0,001% tiamina), realizando-se ensaios a 37ºC e 25°C, com intervalos de leitura de 7 a 15 dias. A observação microscópica de cultivos em MHM em ambas as temperaturas, desde 2 até 15 dias, mostrou morfologia leveduriforme a 37ºC e filamentosa a 25ºC para os 21 isolados. O período de incubação de 15 dias foi mais confiável para leitura, em função de melhor crescimento. Houve diferença estatisticamente significativa nos valores de CIM em MHM a 25ºC e 37ºC (P<0,05), exceto para fluconazol. Registraram-se valores mais altos de CIM a 25ºC para terbinafina (0,062–1,0 mg/mL), sulfametoxazol (37,5-300 mg/mL), e sulfametoxazol-trimetropim (75–300 mg/mL) e valores mais altos de CIM a 37ºC para anfotericina B (0,125–1,0 mg/mL). Os mesmos valores de CIM foram encontrados para cetoconazol (0,0019 mg/mL) e itraconazol (0,0039 mg/mL) para todos os 21 isolados, quando a 37ºC. Houve, porém, variação destes valores a 25ºC (0,0019-0,0078 mg/mL, cetoconazol; 0,0039–0,125 mg/mL, itraconazol). Houve diferença estatisticamente significativa comparando-se os valores de CIM obtidos em MHM com aqueles obtidos empregando-se o meio RPMI, em ambas as temperaturas (P<0,05). Os valores de CIM em RPMI foram mais elevados para todos os 21 isolados, provavelmente por tratar-se de meio que permite melhor crescimento do fungo. Estão em execução a determinação da atividade fungicida/fungistática e cálculos de CIM 50 e CIM 90 dos antimicrobianos.

Apoio: CNPq/ FAPEMIG/ FAPESP (D.A.S.)


Palavras-chave:  concentração inibitória mínima, variações experimentais, Paracoccidioides brasiliensis, variações dimórficas