AVALIAÇÃO CINÉTICA DA BIODEGRADAÇÃO DE HIDROCARBONETOS DE PETRÓLEO EM SOLO DE BIOPILHAS

Eduardo Beraldo de Morais (UNESP); Sâmia Maria Tauk-tornisielo (UNESP)

A biorremediação de ambientes poluídos por hidrocarbonetos de petróleo é uma estratégia com vantagens econômicas e ambientais, pois utiliza microrganismos com capacidade de biodegradar substâncias perigosas. Neste trabalho, durante a biorremediação de solo contaminado por resíduos oleosos de refinaria de petróleo em biopilhas, avaliou-se a cinética de biodegradação dos hidrocarbonetos. Foram estudadas três biopilhas com concentração inicial de hidrocarbonetos igual a 27720 mg/kg de solo. As biopilhas foram denominadas: B1, controle; B2, suplementada com fertilizante (NPK) e inóculo de microrganismos degradadores de hidrocarbonetos e B3, mesma composição anterior e casca de arroz. O modelo cinético de primeira ordem foi aplicado utilizando a expressão ln(C/C₀)=-kt e o coeficiente de biodegradação (k) foi obtido por regressão linear. A análise dos resultados mostrou a ocorrência de três processos diferentes durante a biodegradação dos hidrocarbonetos: uma fase inicial (10 semanas iniciais) com acentuada queda da concentração de hidrocarbonetos; uma fase intermediária (entre 10^o e 30^o semana) com as menores taxas de degradação e uma terceira fase (entre a 30^o e 50^o semana) na qual as taxas de degradação aumentaram após o recobrimento das biopilhas com uma lona plástica. Desse modo, análises de regressão foram realizadas para cada fase. Na primeira fase foram obtidos os maiores valores de k (semana^-1): 0,045 (R²=0,90) (B1); 0,070 (R²=0,96) (B2) e 0,083 (R²=0,90) (B3), provavelmente devido ao consumo das frações de hidrocarbonetos mais facilmente biodegradáveis. Na fase intermediária foram observados os menores valores de k (semana^-1): 0,013 (R²=0,80); 0,015 (R²=0,79) e 0,007 (R²=0,71) em B1, B2 e B3. Com o recobrimento das biopilhas ocorreu aumento na temperatura favorecendo a biodegradação. Nesta fase, os valores de k foram: 0,019 (R²=0,87) (B1); 0,028 (R²=0,76) (B2) e 0,031 (R²=0,81) (B3). Destaca-se a importância da temperatura na degradação dos hidrocarbonetos. Dentre os tratamentos estudados, verificou-se que a adição da casca de arroz no solo acelerou o processo de biodegradação, uma vez que esta melhora a aeração do mesmo. O inóculo e fertilizante também favorecem o processo de degradação. Estudos cinéticos de biodegradação são importantes para avaliar o destino dos hidrocarbonetos no solo fornecendo informações para a otimização do processo.