Introdução: Infecções relacionadas a cateter vascular central (CVC) em Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTINs) são freqüentes, graves e de custos elevados e sua patogênese ainda pouco conhecida.
Objetivo: Investigar a patogênese de infecções relacionadas à CVC em neonatos críticos internados na UTIN do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia-MG.
Material e métodos: O estudo foi realizado no período entre Abril/2006 e Abril/2008. Foram investigados 318 neonatos em uso de CVC através de vigilância “National Healthcare Safety Network” (NHSN). As hemoculturas foram realizadas por método automatizado (BACTEC /VITEK®) no laboratório de microbiologia do hospital. Adicionalmente, foram realizadas culturas de mucosa nasal, pele no sítio de inserção, canhão e ponta de CVC. O trabalho obteve a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa sob o n° 022/06.
Resultados: A incidência de infecção de corrente sangüínea relacionada à CVC foi de apenas 2,1/ 1000 dias CVC, e a taxa de colonização de ponta do CVC de 18%. Nos 63 neonatos com infecção de corrente sangüínea, foi observado infecção relacionada à CVC em apenas 10 neonatos (15,9%). Houve pouca concordância entre os isolados recuperados do sangue, pele no sítio de inserção, canhão e ponta do CVC e, a via de disseminação dos microrganismos foi extralúmen (20%) e intralúmen (10%). Staphylococcus coagulase negativa foi o principal agente etiológico (60%) dessas infecções, seguido de Staphylococcus aureus (30%) e Enterococcus faecalis (10%). O cateter umbilical foi responsável por 50% das infecções relacionadas ao uso deste dispositivo.
Conclusão: O sítio de origem dos microrganismos foi indeterminado na maioria das infecções relacionadas ao CVC sugerindo uma outra fonte que não a pele ou o canhão do CVC, como o intestino dos neonatos, por exemplo.