25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:550-1


Área: Microbiologia Geral ( Divisão H )

CARACTERIZAÇÃO DA RESISTÊNCIA À MUPIROCINA EM AMOSTRAS DE STAPHYLOCOCCUS HAEMOLYTICUS

Natália do Carmo Ferreira (UFRJ); Marcus Lívio Varella Coelho (UFRJ); Marinella Silva Laport (UFRJ); Maria do Carmo de Freire Bastos (UFRJ); Marcia Giambiagi-demarval (UFRJ)

Resumo

Os Staphylococcus coagulase-negativos (SCN) representam um dos principais agentes de infecções nosocomiais devido à emergente resistência aos antibióticos e à capacidade de aderir a biomateriais, constituindo um biofilme. A incidência desses microrganismos como patógenos oportunistas tem aumentado devido ao crescente número de pacientes imunocomprometidos, associado ao aumento do uso de dispositivos invasivos, como cateteres e próteses. A espécie S. haemolyticus é a segunda espécie mais encontrada em infecções clínicas, sendo algumas vezes reconhecida como a causa de infecções severas, como meningites, infecções em próteses, bacteriemias, endocardites, peritonites, ou infecções de sítio cirúrgico. Esta espécie tem mostrado as maiores taxas de resistência aos antimicrobianos entre os SCN, incluindo a resistência à meticilina e aos glicopeptídeos, o que limita as opções terapêuticas para o tratamento das infecções causadas por este patógeno multirresistente. Neste contexto, a mupirocina é utilizada na prevenção da disseminação e do desenvolvimento de infecções estafilocócicas e também na eliminação do estado de portador nasal de MRSA. A mupirocina mimetiza o esqueleto carbônico da isoleucina e inibe sua ligação à isoleucil-tRNA sintetase, interrompendo a síntese proteica. Entretanto, o seu uso indiscriminado tem resultado em um aumento do número de amostras resistentes à mupirocina. Neste trabalho, foram analisadas 75 amostras de S. haemolyticus isoladas do hospital Naval Marcílio Dias (2005-2008). Através do método de difusão em disco, foram detectadas 9 amostras resistentes à mupirocina com níveis diferentes de resistência ao antimicrobiano. Essas amostras apresentaram o gene ileS-2 quando analisadas por PCR e a resistência foi associada à presença de plasmídeos, visto que, após o processo de cura pelo tratamento com calor, as amostras tornaram-se sensíveis à mupirocina. Através de PCR, foi possível se detectar sequências de inserção (IS257) flanqueando o gene ileS-2 e foram obtidos fragmentos de diferentes tamanhos ao se amplificar a região entre as IS257 e o gene ileS-2, indicando polimorfismo entre estes plasmídeos. A resistência à mupirocina foi transferida de S. haemolyticus para S. aureus através do processo de conjugação, o que sugere que os SCN possam ser um reservatório do gene ileS-2 e possam disseminá-lo através da transferência horizontal.


Palavras-chave:  mupirocina, Staphylococcus haemolyticus, resistência