PRESENÇA DE MICOBACTÉRIAS EM ÁGUA E DIALISATO DE UMA UNIDADE DE HEMODIÁLISE E COMPORTAMENTO DOS ISOLADOS FRENTE AO ÁCIDO PERACÉTICO

Michelle Siewert (UEL); Jacinta Sanchez Pelayo (UEL); Bruna Mara Silva Seco (UEL); Halha Ostrensky Saridakis (UEL)

Infecções sistêmicas em unidades de hemodiálise são geralmente causadas pela contaminação da água, seja durante o seu tratamento, distribuição, ou ainda por falhas no reprocessamento dos dialisadores, havendo relatos de casos de infecções envolvendo espécies do gênero Mycobacterium. No período de novembro de 2008 a julho de 2009 foram coletadas 17 amostras de água na entrada da unidade de hemodiálise (pré-tratamento), 17 de água pós-tratamento (osmose reversa) e 100 de dialisato. Um volume de 500 mL de cada amostra foi concentrado pela técnica de membrana filtrante (0,22μm). As membranas foram transferidas para solução fisiológica 0,9% e tratadas com hidróxido de sódio a 3% a fim de diminuir o número de outras bactérias que  não álcool-ácido resistentes (BAAR). Foram utilizados os meios de Löwenstein Jensen (LJ) e Agar Infuso de Coração e Cérebro (BHI Ágar) acrescido de 5% de glicose e incubadas a 25 oC e 37oC por até 45 dias. As culturas que apresentaram crescimento foram submetidas à coloração de Ziehl-Neelsen para verificar a presença de BAAR. As cepas foram identificadas pela técnica do PRA (PCR-Restriction Enzyme Analysis). Foi testada a atividade do ácido peracético (FarmasterilÒ) nos tempos de exposição de 15, 30 minutos e 8 horas, transferindo 100 mL de suspensão bacteriana padronizada de acordo com o tubo 1 da escala de MacFarland para 5 mL do desinfetante a 0,2%. Foram isoladas micobactérias em 2 (11,8 %) amostras de água pré-tratamento e em 5 (5 %) de dialisato. Dessas, 3 (42,9%) cepas se mostraram resistentes ao ácido peracético após 30 minutos de exposição, mas não após 8 horas. No entanto, novas culturas positivaram em 07/08/09 e estão sendo submetidas à identificação e testes com desinfetante. Nossos resultados reforçam a importância de desinfecção específica, uma vez que se trata de bactérias resistentes a vários produtos correntemente utilizados. Desta forma, procura-se evitar a exposição dos pacientes em diálise a esse risco.