25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:484-2


Área: Microbiologia de Alimentos ( Divisão K )

CLOSTRIDIUM BOTULINUM NEUROTOXIGÊNICO NO MEL

Vera Lúcia Mores Rall Rall (UNESP); Renan G.b. Vericondo Vericondo (UNESP); Débora Cristina Vidal Oliveira Oliveira (UNESP); Karen Franco Godoi Cardoso Cardoso (UNESP); João Pessoa Araújo Júnior Araújo Júnior (UNESP)

Resumo

A microbiota predominante no mel é composta por bolores e leveduras e por bactérias formadoras de esporos, principalmente Bacillus sp e Clostridium sp, mas Clostridium botulinum e outros clostrídios produtores de neurotoxina botulínica são os únicos perigos microbiológicos que o mel pode veicular. Clostridium botulinum é a designação taxonômica de várias espécies distintas de bactérias anaeróbias, gram-positivas e formadoras de esporos, produtoras de uma das substâncias mais tóxicas conhecidas, as neurotoxinas botulínicas (BoNT). Segundo estudos realizados em todo o mundo, a incidência de esporos de C. botulinum no mel pode variar de ausente até 25% e esse microrganismo tem sido associado ao botulismo infantil, que é uma enfermidade neurológica severa, causada pela neurotoxina botulínica, afetando principalmente crianças de até 1 ano. O objetivo do trabalho foi pesquisar os genes que codificam para as neurotoxinas A, B, E e F em 200 amostras de mel, de 37 marcas diferentes, comercializadas no estado de São Paulo. Brevemente, cada amostra foi incubada por 5 dias a 30ºC (para detecção de clostrídios do grupo II) e a 37ºC (para os membros do grupo I), ambos em anaerobiose. A seguir, ocorreu a extração do DNA, usando o kit GFX, segundo recomendações do fabricante, a partir do qual foi realizada a pesquisa dos genes BoNT/A, BoNT/B, BoNT/E, BoNT/F. Foi observada a presença desses genes em 15 (7,5%) das 200 amostras de mel testadas, sendo 9 (60%) do tipo A e 6 (40%), do B. Não se verificou a presença simultânea de dois ou mais genes. Entre as 9 amostras positivas para o gene BoNT/A, 5 (55,6%) eram provenientes de méis industriais e as 4 restantes (44,4%), de méis caseiros. Quanto ao BoNT/B, das 6 amostras positivas, essa distribuição foi de 50% para cada tipo de mel. A diferença da frequencia desses genes nas amostras de mel de origens diferentes não foi estatisticamente significativa (z= 1 e p= 0,681, respectivamente). Assim, a presença de C. botulinum no mel, documentada nesse e em outros trabalhos desenvolvidos no Brasil, reforça a recomendação de que crianças menores de um ano não devem ingerir esse alimento ou produtos que contenham essa matéria prima como ingrediente, uma vez que o mel não sofre nenhum processamento que possa eliminar os esporos presentes. AGRADECIMENTO: FAPESP (Bolsa de Iniciação Científica e Projeto de Pesquisa)


Palavras-chave:  Clostridium botulinum, mel, neurotoxinas, PCR