25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:460-1


Área: Microbiologia Clinica ( Divisão A )

CONJUGAÇÃO IN VITRO DE GENES DE RESISTÊNCIA À ERITROMICINA, À CLINDAMICINA E À TETRACICLINA ENTRE CEPAS DE STREPTOCOCCUS AGALACTIAE DE ORIGENS HUMANA E BOVINA

Tatiana de Castro Abreu Pinto (UFRJ); Natália Silva da Costa (UFRJ); Ana Beatriz Almeida Corrêa (UFRJ); Ivi Cristina Menezes de Oliveira (UFRJ); Marcos Correa de Mattos (UFRJ); Alexandre Soares Rosado (UFRJ); Leslie Claude Benchetrit (UFRJ)

Resumo



Streptococcus agalactiae ou estreptococos do grupo B (EGB), importantes agentes de infecções em humanos e bovinos, se destacaram na última década pela emergência de cepas resistentes a macrolídeos, lincosaminas e tetraciclinas, drogas utilizadas na profilaxia e tratamento das doenças por ele causadas. Os genes que conferem resistência à tetraciclina estão geralmente presentes nos mesmos transposons conjugativos dos genes que conferem resistência a eritromicina e clindamicina, contudo ainda é ignorado se esses elementos estão presentes nesta espécie e se poderiam ser transferidos entre cepas da mesma origem e de origens diferentes. Em estudo recente realizado por nosso grupo, foram encontrados índices aproximados de resistência a eritromicina e clindamicina, respectivamente, de 4 e 2% para cepas humanas enquanto que para as bovinas esses números foram inexplicavelmente maiores (aproximadamente 28 e 20%). Ainda no mesmo estudo, quase 90% das cepas de ambas as origens apresentaram resistência à tetraciclina e perfis genéticos idênticos foram observados entre cepas resistentes à eritromicina isoladas de ambos os hospedeiros, sugerindo a possibilidade de transmissão homem-animal. Visto isso, os objetivos deste trabalho são analisar a presença de genes de resistência à tetraciclina e de transposons conjugativos em cepas de EGB de origens humana e bovina resistentes à eritromicina e avaliar a capacidade de conjugação in vitro de genes de resistência aos 3 antibióticos anteriormente citados entre cepas resistentes e sensíveis. Os resultados revelam que mais de 95% das cepas resistentes à eritromicina são também resistentes à tetraciclina, destacando-se o gene tetO, e 81,8% apresentam transposons conjugativos, sugerindo uma forte relação entre resistência a eritromicina, tetraciclina e presença de transposons. Os genes de resistência, assim como os transposons, puderam ser transferidos não só entre cepas da mesma origem como também de origens diferentes, em frequências de conjugação variáveis, ratificando a possibilidade de troca genética entre cepas de origens humana e bovina. Além disso, a presença de concentrações subinibitórias de antibiótico no meio aumentou consideravelmente a frequência de conjugação, indicando que o uso abusivo de drogas nos últimos anos possa ser o principal fator para a disseminação da resistência nesta espécie bacteriana.


Palavras-chave:  Conjugação, EGB, Eritromicina, Resistência, Tetraciclina