Área: Ecologia Microbiana ( Divisão I )
TAXONOMIA MOLECULAR DE LEVEDURAS ISOLADAS DE BROMÉLIAS EM UMA REGIÃO DE MATA ATLÂNTICA DO RIO GRANDE DO SUL, BRASIL.
Melissa Fontes Landell (UFRGS); Leonardo Broetto (Cbiot/UFRGS); Jesus Pais Ramos (FIOCRUZ); Orilio Leoncini (INCA); Marilene Henning Vainstein (UFRGS); Patricia Valente (UFRGS)
ResumoAs leveduras apresentam grande diversidade e desempenham funções
cruciais na manutenção dos ecossistemas. No entanto, trabalhos de
taxonomia e de
diversidade microbiana são pouco explorados. Os
métodos convencionais para caracterização de leveduras são baseados em
testes morfológicos e bioquímicos/fisiológicos. Entretanto, a taxonomia
convencional de leveduras nem sempre alcança uma identificação
correta. Métodos moleculares vêm sendo cada vez mais usados como uma
importante ferramenta auxiliar na identificação de leveduras, principalmente de
espécies com difícil visualização de características micromorfológicas essenciais
para identificação (p.e. esporos). Além disso, é uma ferramenta indispensável
na análise filogenética de leveduras. O Parque de Itapuã é um dos poucos locais
onde a Mata Atlântica ainda é preservada no estado do Rio Grande do Sul,
apresentando grande diversidade de espécies de bromélias. Elas são plantas endêmicas de Mata Atlântica e
suas folhas e reservatórios de água (tanques) são ricos em nutrientes, tendo
demonstrado portar uma larga diversidade de organismos graças à sua complexa
estrutura trófica. O objetivo do presente trabalho foi realizar a caracterização
molecular da comunidade de leveduras isoladas de bromélias. Foram coletadas 50
amostras de folhas de bromélias no Parque Estadual de Itapuã/RS (Praia da
Pedreira e Praia de Fora) entre 2004 e 2005 e obtidas 174 leveduras a partir do
filoplano das bromélias coletadas. Deste total, cerca de 97%
apresenta afinidade basidiomicética,
corroborando os relatos de que a maior parte das populações de leveduras de superfícies
de plantas são basidiomicéticas. Um total de 136 leveduras (78% das leveduras
isoladas) foram identificadas até o momento através do seqüenciamento da região
D1/D2 do rDNA, com prevalência dos gêneros Cryptococcus, Rhodotorula, Farysizyma e Candida. Deste total identificado, cerca de 45% são espécies ainda
não descritas de leveduras. Dentre as leveduras já descritas, as espécies Rhodotorula marina (n=11), Cryptococcus flavescens (n=16) e Farysizyma itapuensis (n=16) foram
as mais freqüentes. As espécies Farysizyma itapuensis e Cryptococcus bromeliarum, isoladas de folhas de bromélias, foram recentemente descritas por
nosso grupo de pesquisa juntamente com duas espécies novas pertencentes ao
gênero Candida (Candida aechmeae e C. vrieseae). Os resultados obtidos,
juntamente com o isolamento dessas últimas quatro espécies recentemente
descritas, revelaram o grande potencial do filoplano de bromélias como
substrato para o estudo e identificação de novas espécies de leveduras, visto
que estudos taxonômicos, abordando novas espécies de leveduras isoladas no
Brasil são praticamente inexistentes.
Palavras-chave: Sequenciamento, Taxonomia molecular, Bromélias, Filoplano, espécies novas |