25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:420-2


Área: Microbiologia Geral ( Divisão H )

ANÁLISE DE SEQUÊNCIAS EM MÚLTIPLOS LOCI EM BACTEROIDES FRAGILIS

Karla Rodrigues Miranda (UFRJ); Renata Ferreira Boente (UFRJ); Felipe Piedade Gonçalves Neves (UFF); Ivi Cristina Menezes Oliveira (UFRJ); Joaquim Santos-filho (UFRJ); Geraldo Renato Paula (UFF); Walter Martin Roland Oelemann (UFRJ); Regina Maria Cavalcanti Pilotto Domingues (UFRJ)

Resumo

Nos últimos anos, diversos estudos têm revelado uma considerável diversidade genética na espécie Bacteroides fragilis. Alguns pesquisadores sugerem a existência de uma subdivisão dentro da espécie, proposta esta fundamentada na presença e/ou ausência dos genes cfiA (metalo-β-lactamase/ divisão I ou subgrupo I) e cepA (cefalosporinase/ divisão II ou subgrupo II). A técnica de análise de sequências em múltiplos loci (MLSA) tem como base a comparação de sequências conservadas presentes em diferentes loci no genoma bacteriano. A MLSA pode ser utilizada para análise filogenética, identificação molecular e diferenciação entre espécies bacterianas. Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo realizar uma análise comparativa de sequências conservadas dos genes: rpoB (codifica a subunidade β da RNA polimerase), rrs (codifica o rRNA 16S), est (codifica a esterase), gdh (codifica a glutamato dehidrogenase NAD-dependente) e pgm (codifica a fosfoglucomutase) em cepas da espécie B. fragilis. Inicialmente, 127 cepas de B. fragilis foram caracterizadas conforme a presença e/ou ausência dos genes cfiA e cepA através de PCR. Foi verificado que 16 cepas albergavam o gene cfiA, 58 carreavam o gene cepA e as demais 53 não apresentaram nenhum dos dois genes. Com base nesses resultados preliminares, foram selecionadas 17 cepas (sete cfiA positivas e dez cfiA negativas) para reações de amplificação e sequenciamento dos genes rrs e rpoB. Com a análise das sequências obtidas e, tendo por base a similaridade e agrupamento das sequências dos genes rrs e rpoB, foi observada uma separação dos dois subgrupos. Em seguida, foram realizados os mesmos procedimentos para os genes est, gdh e pgm, embora a existência das duas divisões em B. fragilis somente tenha sido constatada por meio da análise das sequências do gene est. O gene est, nunca anteriormente utilizado em análises filogenéticas, emerge como uma nova e eficaz ferramenta de diferenciação intra-espécie. Posteriormente, para fins de comparação quanto ao potencial de virulência, as 17 cepas utilizadas no MLSA foram avaliadas quanto a produção de biofilme e uma cepa representante de cada uma das duas divisões foi selecionada para ensaios em modelo animal. Nos ensaios para avaliação da produção de biofilme em microplaca nenhuma alteração significativa entre os dois subgrupos foi observada. Por outro lado, a cepa pertencente ao subgrupo I (cfiA-negativa) apresentou maior potencial na formação de abscessos intraperitoneais em camundongos machos BALB/c do que a cepa pertencente à subdivisão II (cfiA-positiva). Entretanto, estudos adicionais são necessários para avaliar a interferência da existência dessa subdivisão na expressão de fatores de virulência de B. fragilis.

Apoio Financeiro: MCT/CNPq, MCT/PRONEX/FAPERJ, Faperj


Palavras-chave:  Bacteroides fragilis, Marcadores genéticos, MLSA, Virulência