CARACTERIZAÇÃO DE AMOSTRAS DE STAPHYLOCOCCUS COAGULASE-NEGATIVOS DO AR DE AMBIENTES HOSPITALARES

Ana Maria Nunes Botelho (UFRJ); Agnes Marie Sá Figueiredo (UFRJ); Kátia Regina Netto Santos (UFRJ); Zilma Nunes (UFRJ); Sergio Eduardo Longo Fracalanzza (UFRJ)

Staphylococcus coagulase-negativos (SCN) engloba mais de 30 espécies e sub-espécies, e são habitantes naturais da pele e mucosas do homem e animais. Algumas espécies são reconhecidas como importantes patógenos nosocomiais, resultando no aumento da morbidade, mortalidade e dos custos hospitalares. Fatores de risco como o aumento de procedimentos médicos invasivos e o crescente número de pacientes imunocomprometidos favorecem à infecção por SCN. Este trabalho teve com objetivo a caracterização fenotípica de amostras de SCN isoladas do ar de diferentes setores de um hospital público federal. Alíquotas de ar foram coletadas através do aparelho MAS-100, empregando-se os meios de cultura de agar sangue e agar manitol salgado. A identificação dos SCN foi realizada por métodos convencionais. Foram isoladas 108 amostras de SCN [n,(%)]: S. epidermidis [27 (25%)], S. haemolyticus [17(16%)], S. saprophyticus [12 (11%)], S. cohnii subsp. urealyticus [10 (9%)], S. auricularis [9 (8%)], S. hominis subsp. hominis [9 (8%)], S. capitis subsp. urealyticus [6 (6%)], S. warneri [5 (5%)], S. simulans [4 (4%)], S. cohnii subsp. cohnii [3 (2,8%)] S. xylosus [3 (2,8%)], S. lugdunensis [2 (1,9%)], S. capitis subsp. capitis [1 (0,9%)]. O antibiograma, realizado através do método de disco difusão, mostrou que 12% das amostras foram resistentes à ciprofloxacina, 20% à clindamicina, 32% ao cloranfenicol, 39% à eritromicina, 38% à gentamicina, 64% à oxacilina, 85% à penicilina, 0,9% à rifampicina, 13% ao sulfametoxazol/trimetoprim e 48% à tetraciclina. Amostras resistentes à oxacilina foram positivas para o gene mecA pela técnica de PCR. A caracterização do cassete cromossômico estafilocócico mec (SCCmec) mostrou que 68% das amostras possuíam SSCmec tipo I, 4% SCCmec tipo III, 6% SCCmec tipo IV, 3% SCCmec tipo V e 19% das amostras apresentaram-se não tipáveis pela técnica utilizada. Quanto a capacidade das amostras em produzir biofilme em placas de poliestireno, 70% mostraram-se fortemente aderentes, 16% moderadamente aderentes,10% fracamente aderentes e apenas 4% das amostras mostraram-se não produtoras. Os resultados revelaram que amostras oriundas de pacientes e adaptadas ao meio hospitalar podem ser encontradas no ar. Assim, o controle de qualidade do ar é um importante fator a ser adicionado às estratégias preconizadas para o combate e controle de infecções hospitalares.