25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:416-1


Área: Patogenicidade Microbiana ( Divisão D )

EXPRESSÃO DE BIOFILMES POR VARIANTES ST1-SCCMEC IV DISSEMINADAS EM HOSPITAIS DO RIO DE JANEIRO 

Fabienne Antunes Ferreira (UFRJ); Agnes Marie Sá Figueiredo (UFRJ)

Resumo

Amostras de Staphylcoccus aureus resistentes à meticilina associadas a infecções comunitárias (CA-MRSA) denominadas USA400 (ST1-SCCmecIV) tem se disseminado através de indivíduos imunocompetentes da comunidade e de pacientes hospitalizados, em vários países do mundo, e em pelo menos dois hospitais do Rio de Janeiro. Porém, os mecanismos envolvidos em sua disseminação e habilidade para causar infecções são ainda desconhecidos. O biofilme bacteriano apresenta papel de destaque na patogênese de bacteremias associadas aos cateteres e de infecções relacionadas ao uso de próteses médicas. Infecções bacterianas crônicas também parecem estar associadas a biofilmes. Este trabalho teve como objetivo examinar a capacidade de amostras brasileiras ST1-SCCmecIV de formarem biofilmes "in vitro" sobre poliestireno e ainda sobre fibronectina em fase sólida, através de dosagens espectrofotométricas dos biofilmes corados com cristal violeta. Além disso, realizamos uma triagem para avaliar os padrões hemolíticos dessas amostras, em ágar sangue de carneiro, uma vez que o mRNA da delta-hemolisina encontra-se sobreposto ao RNAIII, molécula reguladora do lócus agr (sistema de quorum-sensing dos S. aureus). Das 70 amostras estudadas, 35,7% foram classificadas como produtoras fortes de biofilme, outras 35,7%  como moderadas, enquanto somente 22,8% como fracas e 5,8%  como não produtoras. Entre as produtoras fortes, 60% apresentaram hemólise em ponta de seta, indicando produção de delta-hemolisina e, consequentemente, a expressão da molécula efetora do agr. Entre as amostras fracas ou não produtoras de biofilme, 40% apresentam ausência de hemólise, ou hemólise discreta sem formação de ponta de seta, sugerindo inibição do lócus.  Um total de 21 amostras ST1-SCCmecIV foram testadas quanto a produção de biofilme sob fibronectina e observamos que 100% produziram fenótipo forte. Nossos dados indicam que amostras ST1-SCCmecIV brasileiras produzem, em sua maioria, um padrão de biofilme de moderado a forte e que o filme biológico também foi eficientemente produzido sobre matriz de fibronectina. É possível que essa elevada habilidade para produzir biofilme possa estar favorecendo a rápida disseminação dessas variantes nos hospitais estudados e a emergência de multirresistência nessas amostras. Outros estudos são necessários para confirmar o papel do agr na expressão do biofilme nesta linhagem.


Palavras-chave:  Staphylococcus aureus, clone USA400, biofilme, locus agr