25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:369-1


Área: Micobacteriologa ( Divisão C )

ANÁLISE DO PERFIL DE GLICOPEPTÍDEOLIPÍDEO DA PAREDE DE MICOBACTÉRIAS DE CRESCIMENTO RÁPIDO COM COLÔNIAS DE FENÓTIPO LISO E RUGOSO ISOLADAS OU NÃO DE SURTOS EM PROCEDIMENTOS INVASIVOS.

Jéssica Maria Moreno Rodrigues de Lima (Unifesp); Clarice Queico Fujimura Leite (Unesp); Sérgio Roberto de Andrade Leite (Unesp); Fernando Rogério Pavan (Unesp); Janaína Mitie Serikawa (Unifesp); Karla Valéria Batista Lima (IEC); Maria Luiza Lopes (IEC); Solange Alves Vinhas (UFES); Sylvia Luisa Pincherle Cardoso Leao (Unifesp)

Resumo

Uma epidemia de infecções hospitalares causadas por micobactérias de crescimento rápido em pacientes submetidos a cirurgias laparoscópicas, plásticas e mesoterapia acometeu pacientes em várias regiões do Brasil, entre 2004 e 2008. A maioria dos isolados estudados até agora pertence a um único clone de Mycobacterium abscessus subsp. massiliense. As fontes de infecção não foram identificadas, mas micobactérias são ubíquas no ambiente e já foram associadas a biofilmes em instrumentais cirúrgicos e sistemas de água em ambientes hospitalares. Estamos estudando o papel da formação de biofilmes na seleção da cepa responsável pela epidemia. Estudos realizados com Mycobacterium smegmatis, micobactéria de crescimento rápido, mostraram que a capacidade de formar biofilmes está relacionada ao fenótipo de colônias lisas e à produção de glicopeptídeolipídeos (GPL). Neste estudo, três cepas de Mycobacterium abscessus subsp. massiliense foram comparadas quanto ao perfil de GPL, analisado por cromatografia em camada delgada (TLC): uma cepa de epidemia de infecções em cirurgia, com colônias de fenótipo liso (461L) e rugoso (461R), uma cepa de um abscesso pós injeção (538) com colônias lisas e outra isolada de esgoto (MG3-6), apresentando apenas colônias com fenótipo rugoso. Os perfis de GPL obtidos foram também comparados aos perfis das cepas tipo de M. abscessus subsp. abscessus, M. abscessus subsp. massiliense e Mycobacterium fortuitum. O perfil de GPL dos isolados clínicos com fenótipo liso foi indistinguível do perfil das cepas tipo de M. abscessus subsp. abscessus e M. abscesus subsp. massiliense, que produzem colônias lisas. Já as cepas clínicas com fenótipo rugoso e também a cepa tipo de M. fortuitum (rugosa) não produziram GPL detectável sob as mesmas condições. Não foram observadas diferenças significativas no perfil de GPL visualizado por TLC da cepa epidêmica (colônias lisas), quando comparada a outras cepas de M. abscessus subsp. massiliense. Outros parâmetros relacionados a formação de biofilmes, como a capacidade de adesão e crescimento em diferentes superfícies e meios deverão ser também estudados para que se possa chegar a uma conclusão definitiva sobre a capacidade de formar biofilmes da cepa epidêmica e o impacto dos biofilmes na sobrevida destas bactérias no ambiente e na resistência a biocidas e antimicrobianos.

Financiamento: FAPESP (projeto temático 06/01533-9) e bolsa de Mestrado (08/07409-6) e CNPq Universal (475238/2008-7)   


Palavras-chave:  Biofilme, Glicopeptídeolipídeo, Micobactérias