RELAÇÃO ENTRE FORMAÇÃO DE BIOFILME E RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS EM ENTEROCOCCUS ISOLADOS DE INFECÇÕES NOSOCOMIAIS DO TRATO URINÁRIO

Odelta dos Santos (UFSCPA); Mariah Costa Carvalho de Resende (UFSCPA); Thiago Galvão da Silva Paim (UFSCPA); Ana Paula Guedes Frazzon (UFRGS); Pedro Alves D'azevedo (UFSCPA)

Os isolados formadores de biofilme, além de mais virulentos, podem exibir elevados níveis de resistência aos antimicrobianos. O objetivo do presente estudo foi verificar se há correlação entre a formação de biofilme e a resistência aos antimicrobianos em Enterococcus isolados do trato urinário nas infecções hospitalares. Num período de seis anos, entre 2002 e 2008, foram isolados 120 Enterococcus, tais isolados, foram obtidos da coleção de cocos gram positivos da UFSCPA. As espécies foram caracterizadas por testes fisiológicos convencionais e pela determinação do perfil total de proteínas por meio da técnica de SDS-PAGE. A determinação de formação de biofilme in vitro foi realizada em microplacas de poliestireno. A correlação entre a ocorrência da produção de biofilme e resistência aos antibióticos foi calculada usando o teste do x² o valor de p< 0,05 foi considerado estatisticamente significante. Os antimicrobianos testados, de acordo com CLSI 2009, foram os seguintes: ampicilina, vancomicina, cloranfenicol, ciprofloxacin, eritromicina, fosfomicina, nitrofurantoína, norfloxacina, tetraciclina, gentamicina e streptomicina. A espécie mais freqüente foi Enterococcus faecalis 109 isolados (90.8%), 10 (8.3%) Enterococcus faecium e um (0.83%) Enterococcus durans. Entre os Enterococcus faecalis, somente um (0,91%) foi classificado como não formador de biofilme, 17 (15,59 %) fracos, 39 (35,77%) moderados e 52 (47,70%) forte formadores de biofilme. Entre os Enterococcus faecium 3 (30%) são fracos, 3 (30%) moderados e 4 (40%) forte formadores de biofilme. O Enterocccus durans foi fraco formador de biofilme. Os resultados demonstraram que há uma relação significativa entre a formação de biofilme e resistência aos antimicrobianos em altos níveis de resistência aos aminoglicosídeos (p=0,024), altos níveis de resistência a gentamicina (p=0,001). Não houve, no entanto, relação significativa para os altos níveis de resistência a streptomicina. Houve relação significativa entre os resistentes a ampicilina (p=0,002), ciprofloxacina (p=0,000), norfloxacina (p=0,03) e tetraciclina (p=0,006). Nas demais drogas testadas não houve uma relação estatisticamente significante. Os resultados obtidos demonstram que a capacidade de formação de biofilme, além de ser um importante fator de virulência, parece estar também envolvida na resistência aos antimicrobianos.