25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:193-2


Área: Micologia Médica ( Divisão B )

ANTICORPOS MONOCLONAIS ANTI-PEPTIDORAMNOMANANAS AUMENTAM A PATOBIOLOGIA DO FUNGO PSEUDALLESCHERIA BOYDII

Livia Cristina Liporagi Lopes (UFRJ); Allan Jefferson Guimarães (AECOM); Rodrigo Rollin Pinheiro (UFRJ); Vera Carolina Bordallo Bittencourt (UFRJ); Sandra Estrazulas Farias (UFRGS); Eliana Barreto Bergter (UFRJ); Joshua Daniel Nosanchuk (AECOM)

Resumo

Os fungos filamentosos do gênero Scedosporium apresentam duas espécies, Scedosporium prolificans e Scedosporium apiospermum. P. boydii faz parte do complexo Pseudallescheria-Scedosporium. Apesar de apresentar baixa virulência, P. boydii é um fungo oportunista capaz de causar infecções similares, em termos de variedade e predisposição, àquelas infecções causadas por espécies de Aspergillus. Este gênero abrange fungos filamentosos presentes no solo e em águas poluídas. Peptidoramnomananas (PRMs) são glicoconjugados presentes na parede celular de alguns fungos, e sua presença e estrutura parcial já foram caracterizadas em P. boydii e S.prolificans. Estudos anteriores já mostraram o envolvimento dessas moléculas  na interação com a célula hospedeira e na antigenicidade. Sendo assim, a caracterização destes glicoconjugados e a elucidação de sua funcionalidade para a célula fúngica é essencial para avaliar o seu potencial patogênico. No presente estudo, 3 anticorpos monoclonais (IgG1) anti-PRM foram gerados e purificados, e seus efeitos foram testados in vitro e in vivo. Os resultados in vitro mostraram que, na presença destes anticorpos, conídios de P. boydii germinaram mais e foram menos fagocitados por macrófagos J774.16, juntamente com a observação de um maior dano aos macrófagos, quando na presença dos anticorpos, medido por ensaios de MTT. Os experimentos in vivo mostraram que, os animais que receberam os anticorpos previamente à infecção com o fungo, morreram mais que os animais controles, demonstrando que os anticorpos anti-PRM podem aumentar a doença fúngica nos camundongos, elevando assim os índices de letalidade. Assim, esta glicoproteína pode modular funcões como germinação e virulência do fungo, além de interação com células hospedeiras. Os resultados demonstraram também que os anticorpos monoclonais competem pelo mesmo epítopo na molécula de PRM, e que este epítopo corresponde à porção carboidrato da molécula. Neste contexto, torna-se de grande importância a elucidação dos mecanismos de patogênese e resistência fúngicas, e o entendimento sobre a estrutura química e possíveis funções destes glicoconjugados, o que pode levar a um progresso substancial na prevenção e tratamento das infecções fúngicas.

 

Apoio Financeiro: CNPq, CAPES, FAPERJ, AECOM (Fogarty Program)


Palavras-chave:  Anticorpos monoclonais, Patobiologia, Peptidoramnomananas, Pseudallescheria boydii