25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:179-1


Área: Imunologia Clínica e Diagnóstico ( Divisão F )

ANÁLISE DA RESPOSTA HUMORAL A ANTÍGENOS DE ESCHERICHIA COLI PRODUTORA DE TOXINA SHIGA EM CRIANÇAS

Mirian Guirro (UNIFESP); Renato Lopes de Souza (UNIFESP); Roxane Maria Fontes Piazza ( Insituto Butantan); Beatriz Ernestina Cabilio Guth (UNIFESP)

Resumo

Escherichia coli produtora de toxina Shiga (STEC) é responsável por causar a Síndrome Hemolítica Urêmica (SHU), uma desordem sistêmica caracterizada por redução no número de plaquetas, fragmentação de eritrócitos e falência renal. Crianças e idosos constituem os principais grupos de risco em desenvolver SHU, sendo que a doença constitui  a causa mais frequente de insuficiência renal aguda em crianças menores de 5 anos. Após aderência ao epitélio intestinal, STEC é capaz de causar a lesão A/E "attaching effacing", sendo que fatores bacterianos envolvidos nesta histopatologia incluem a adesina intimina e as proteínas secretadas EspA e EspB. Neste estudo a presença de anticorpos IgG contra as proteínas recombinantes EspA e EspB e a região variável da intimina g foi analisada através de ensaios de imunoblotting. Foram avaliados os soros de crianças hospitalizadas (n=13) diagnosticadas com SHU no Estado de São Paulo e de crianças sem sintomas de infecção bacteriana, sendo essas consideradas a população controle (n=54). Soro de 10 (76,9%) dos 13 pacientes com SHU apresentaram anticorpos contra EspA. Dentre a população controle, uma resposta dirigida a EspA foi identificada em 35 (64,8%) das 54 crianças. A presença de IgG contra EspB foi observada em 12 (92,3%) pacientes com SHU e em 45 (83,3%) indivíduos da população controle.Não houve diferença estatisticamente significante entre a resposta imune das crianças que tiveram SHU em relação à população controle, considerando as proteínas EspA e EspB (p=0.3138 e p=0.3752, respectivamente). IgG contra intimina g foi detectada em 8 (61,5%) pacientes com SHU, enquanto na população controle apenas 10 (18,5%) crianças apresentaram anticorpos contra esta proteína, sendo esta diferença estatisticamente significante (p=0.0037). A alta frequência de anticorpos IgG contra EspA e EspB identificada no soro das crianças analisadas neste estudo deve refletir exposições repetidas a patógenos carreadores destas proteínas. Por outro lado, a diferença observada em relação a resposta imune para a região variável da intimina g, um antígeno associado principalmente a STEC O157:H7,nas crianças com SHU comparadas à população controle, além de reforçar o envolvimento destas bactérias na doença, demonstra de modo geral sua circulação reduzida em nosso meio.


Palavras-chave:  anticorpos IgG, crianças, intimina gama, proteínas secretadas, SHU