25º Congresso Brasileiro de Microbiologia
ResumoID:17-1


Área: Microbiologia Geral ( Divisão H )

PRESENÇA DE PLASMÍDEO DE VIRULÊNCIA SIMILAR AO DE ESCHERICHIA COLI PATOGÊNICA AVIÁRIA (APEC) EM AMOSTRAS DE E. COLI ISOLADAS DE BACTEREMIA HUMANA

Calim Neder Neto (UNIFESP); Ana Carolina de Mello Santos (UNIFESP); Debora Aparecida Caggegi (UNIFESP); Antônio Carlos Campos Pignatari (UNIFESP); Rosa Maria Silva (UNIFESP)

Resumo

O grupo das Escherichia coli patogênicas extra-intestinais é composto por cepas capazes de causar infecções tanto em seres humanos como em animais. Nos animais, o subgrupo das APEC ("avian pathogenic E. coli") causa infecções que geram perdas econômicas na indústria do abate de aves. Além disso, tem sido especulado se essas amostras seriam fonte de infecção para seres humanos. As APEC são portadoras de um plasmídeo o qual, quando transferido para amostras não patogênicas, torna-as virulentas. Esse plasmídeo, embora de tamanho variável (entre 110 – 190 kb), é uniforme em sua estrutura de DNA básica, codificando FVs específicos, principalmente, traT, iss, iucD e cvaC. Recentemente, foi demonstrada em nosso laboratório a presença desses FVs em amostras isoladas de bacteremia humana. O objetivo deste trabalho foi determinar se estes FVs se localizam em plasmídeos que podem ter origem nos plasmídeos de APEC. A análise do perfil plasmidial e da PCR para os genes traT, iss, iucD e cvaC , de amostras de E. coli isoladas de pacientes do Hospital São Paulo, SP, no período entre 2004 e 2006, nos possibilitou a detecção de sete cepas portadoras de plasmídeos de alta massa molecular e positivas para todos os genes mencionados, com exceção de uma amostra que não apresentou iucD. Ensaios de conjugação mostraram que três dessas amostras foram capazes de transferir um único plasmídeo de massa molecular compatível com os plasmídeos de APEC. Foi demonstrado por PCR que os FVs traT, iss, iucD, e cvaC, além de iroN e sitA, também presentes em APEC, estão localizados nesses plasmídeos conjugativos. Foi determinado, por meio de antibiograma das amostras transconjugantes, que o plasmídeo alberga as marcas de resistência aos antimicrobianos: sulfonamidas, trimetoprima, amoxacilina, ampicilina e estreptomicina. É importante enfatizar que as três amostras selvagens que geraram os transconjugantes não são cepas de um surto, pois foram isoladas em épocas diferentes e de pacientes não relacionados. Além disto, uma análise ampla do seu perfil de virulência e de sua origem filogenética mostrou que se trata de amostras com perfis de virulência e origem filogenética diversa. Concluí-se, portanto, que fatores de virulência típicos de APEC encontram-se disseminados em amostras de origem humana, associados a plasmídeos de resistência conjugativos. A origem aviária destes plasmídeos precisa ser melhor investigada, junto a sua prevalência nas infecções humanas uma vez que, recentemente, foi reportada a ocorrência de um plasmídeo similar presente em amostra isolada de meningite neonatal. A confirmação desta relação sugere um possível caráter zoonótico ligado às infecções extra-intestinais causadas por E. coli. Deve-se ressaltar ainda que as marcas de resistência presentes nesses plasmídeos são relacionadas a antimicrobianos amplamente consumidos pela população, o que pode estar levando á seleção de amostras virulentas.


Palavras-chave:  plasmídeo, virulência, Escherichia coli patogência aviária (APE, Escherichia coli patogênica extra-intest, bacteremia humana